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Blog do Juca Kfouri

Veja quem cuidará da ética e transparência na CBF

Juca Kfouri

05/05/2015 00h00

 
A CBF criou recentemente uma Diretoria de Ética e Transparência e nomeou para chefiá-la o Deputado Federal Marcelo Aro (PHS/MG), na foto.

O fato relevante  é que o citado deputado é sobrinho de Elmer Guilherme e filho de José Guilherme Ferreira Filho, cartolas que mandaram na Federação Mineira por décadas e acabaram, ambos, afastados de seus respectivos cargos na FMF uma vez que o Ministério Público pediu na época (2003) a prisão preventiva dos dirigentes, denunciados então por formação de quadrilha, falsificação de documentos e apropriação indébita.

Segue abaixo matéria publicada na época pela "Folha de S.Paulo":

São Paulo, quinta-feira, 20 de fevereiro de 2003

Justiça ordena saída de dirigente em MG

A Justiça determinou ontem que o presidente da FMF (Federação Mineira de Futebol), Elmer Guilherme Ferreira, seja afastado imediatamente do cargo. Também foi determinada a quebra do sigilo bancário e o sequestro dos bens dele. A mesma punição foi dada ao secretário-geral da entidade, José Guilherme Ferreira Filho, irmão de Elmer, e a seu tesoureiro, Paulo Alves de Assis.
A medida contraria em parte um pedido do Ministério Público, que, na sexta-feira, solicitou a prisão preventiva dos três dirigentes da FMF, denunciados por formação de quadrilha, falsificação de documentos e apropriação indébita. "Pedimos a prisão para que o esquema de desvios seja interrompido", disse o promotor Fernando Galvão da Rocha.
Já de acordo com o juiz Walter Luiz de Melo, a prisão preventiva "nem sempre é a melhor solução". Para ele, o não-acatamento do pedido da Promotoria favorece o andamento do processo.
"É uma verdadeira agonia quando se requisita presos para atos processuais. É que a instância policial, com acentuada e preocupante frequência, deixa de atender, alegando "falta de escolta", provocando, assim, adiamentos de audiências e desgaste ao juízo."
A acusação foi formulada após análise do relatório final da CPI do Futebol do Senado, realizada em 2001. O texto apontava a necessidade de intervenção na FMF e levantava indícios de desvio de mais de R$ 4 milhões. Entre as principais irregularidades constatadas pelos promotores estão ainda "o registro de gastos irregulares para fins particulares dos dirigentes", fato não documentado em livros contábeis da federação.
O juiz agendou o depoimento dos dirigentes para março. A Agência Folha não conseguiu contato com Elmer Guilherme.
A FMF deverá recorrer da decisão, segundo o advogado Antônio Francisco Patente. Para ele, o Ministério Público não tem legitimidade para investigar a federação. "A FMF é uma entidade jurídica de cunho privado. Não houve provocação dos eventuais interessados, que seriam os clubes."

Veja o que dizia outra matéria da "Folha" sobre a família do deputado Marcelo Aro em 1996:

"Desde agosto de 1966, a família Ferreira mantém o poder na Federação Mineira de Futebol, enfrentando denúncias de corrupção, usando a entidade para fins eleitorais, empregando parentes e amigos e se reelegendo por meio de procurações das ligas do interior.
A dinastia começou no regime militar, quando o coronel José Guilherme Ferreira (avô do deputado Marcelo Aro), então chefe do gabinete militar do governador Magalhães Pinto, chegou à presidência da entidade.
Hoje a federação é presidida pelo filho do coronel reformado, Elmer Guilherme Ferreira, no cargo desde janeiro de 1987."

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/