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Blog do Juca Kfouri

Galo que é Galo é Galo! Classificado e jogando muito!

Juca Kfouri

22/04/2015 21h36

  
Quem tem olhos para ver viu desde a saída no Horto que o Galo faria os gols de que precisava contra o Colo-Colo.

Verdade que os chilenos têm fama de amarelar na hora do vamos ver, mas a disposição atleticana e a bola que o time está jogando seriam demais para qualquer time, que o digam o Corinthians e o Flamengo no ano passado.

Nos 18 minutos que antecederam um ótimo passe de Patric para Pratto abrir o placar, o Galo apertou o Colo-Colo como um torniquete e criou várias chances de gol.

Quando saiu o 1 a 0, chovia canivete em BH, mas era o sinal de que a massa sairia do Independência de alma lavada.

Dava até pena dos chilenos que mal podiam pegar na bola que apareciam três brasileiros para tomá-la.

Não é que o Galo jogasse bem. O Galo jogava muito bem.

Mas a chuva torrencial ajudava quem queria destruir e atrapalhava quem queria construir, razão pela qual o 1 a 0 do primeiro tempo não revelava o que acontecia no gramado encharcado.

O Colo-Colo voltou mais inteligente no segundo tempo, sempre fechado, mas mais capaz de reter a bola e um pouco mais agressivo no ataque, como se soubesse que o Galo não poderia manter a pressão incrível da primeira metade do jogo.

O torcedor acreditava na arquibancada, mas o jogador se impacientava no gramado.

Até que, aos 20 minutos, friamente como era preciso, Guilherme enfiou uma caneta num rival e deu para Luan ser derrubado pelo goleiro. Pênalti!

Guilherme bateu na trave!

Ainda bateu na cabeça do goleiro, mas não entrou.

Sim, uma nuvem apareceu no céu do Horto, mas a massa tratou de soprá-la para longe.

Ainda faltava muito tempo.

Pratto foi abalroado pelas costas na área, mas o jogo seguiu.

Maicossuel substituiu Carlos. Sangue novo e leveza para buscar o que o Galo merecia.

Sim, o sofrimento aos 31 minutos era quase insuportável.

O Galo seguia insistindo e jogando bem, mas quem tinha olhos para ver e tinha visto que os gols viriam, começou a se perguntar: viria mesmo o segundo gol?

Ah, viria e como viria!

Rafael Carioca, do meio da rua, de peito de pé, aos 35, fez um golaço para desafogar a angústia.

Detalhe: a bola sairia a escanteio, mas bateu no pau da bandeira e voltou para  Guilherme virar o jogo da esquerda para direita onde estava o herói da noite.

Não, agora não era preciso que saísse mais nenhum gol. Estava de bom, de ótimo, maravilhoso tamanho.

O Galo escrevia mais uma incrível história na Libertadores. Digna de quem pode acreditar ainda mais, acreditar no bicampeonato.

Danilo Pires ainda desperdiçou o terceiro gol, dado por Guilherme, ao chutar em cima do arqueiro em vez de passar para Pratto, livre, leve e solto.

Foram dados três minutos de acréscimos e os escanteios se sucediam contra o time brasileiro.

Foram três seguidos porque a vida é dura.

Mas os deuses dos estádios não cometeriam tamanha injustica.

O Galo está vivo!

  

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/