As veias abertas do futebol
Por ROBERTO VIEIRA
Galeano era um revolucionário.
Um revolucionário apaixonado pelos miseráveis do planeta americano.
Um revolucionário com o dom da palavra.
Um revolucionário que também amava a pelota.
Esquerdas e direitas, idiotas e sabichões.
Galeano se foi e nada disso importa.
Esquerdas e direitas, idiotas e sabichões concordam.
Eduardo Galeano navegou no Panteão de craques da escrita dos noventa minutos.
Palavras elegantes como Armando Nogueira.
Metafórico e hiperbólico como Nelson.
Memorialista tal qual Mario Filho.
Capaz de trocar um golpe de estado por um drible.
Galeano era futebol ao sol e à sombra.
Uma das mais soberbas aventuras literárias por este continente de contrastes.
Charles Miller e Garrinchas.
Guinles e Valderramas.
Cartolas, fraques e maradoninhas de pés descalços e fome nos olhos.
Galeano se foi e um minuto de silêncio se impõe pelos gramados, areais e mangues.
Andes, Amazônias, cerrados, incas, astecas e maias se ajoelham.
A pelota triste se quedou exangue.
Galeano se foi e choram as veias abertas do futebol…
Nós, os torcedores, somos inocentes.
Inocentes inclusive em relação
às porcarias do profissionalismo, da
compra e venda de homens e emoções.
LOS HINCHAS SOMOS INOCENTES
INOCENTES INCLUSO
DE LAS PORQUERÍAS DEL PROFESIONALISMO
LA COMPRA Y LA VENTA
DE LOS HOMBRES Y LAS EMOCIONES.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/












