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Blog do Juca Kfouri

Quem saberá jogar o novo jogo no Brasil?

Juca Kfouri

15/03/2015 15h25

Esqueça que vestir a camisa da CBF e ser contra a corrupção é uma contradição em si mesma.

Perceba que nenhum líder da oposição teve coragem de ir às ruas porque provavelmente seria hostilizado e tratado como oportunista.

Porque há uma constatação óbvia: as manifestações contra o governo foram bem-sucedidas pelo país afora e, principalmente, em São Paulo, onde a Avenida Paulista virou um mar verde e amarelo.

O PT colhe o que plantou ao se transformar de esperança de ética na política, quando foi fundado, no ABC paulista, em sinônimo de corrupção, nódoa da qual dificilmente se livrará, mesmo que pouquíssimos partidos brasileiros estejam livres dela.

Sim, São Paulo já tinha se mostrado contra a reeleição da presidenta Dilma Rousseff em outubro passado, daí não ser 100% surpreendente um milhão de pessoas, segundo a PM do governo tucano, ou 210 mil, segundo o Datafolha, fossem ao protesto de hoje só na capital, que já elegeu três prefeitos petistas, na última eleição municipal, inclusive.

A surdez que vem se manifestando desde as "Jornadas de Junho" de 2013, pela classe política, e pelo governo federal, quando pouco se fez diante das reivindicações populares, conduziu ao sentimento de insastisfação generalizada, agravado pelas promessas não cumpridas e pelo estelionato eleitoral do último pleito, não apenas no plano federal, diga-se, porque também para reeleger, por exemplo, o governador paulista.

Neste domingo um novo jogo passou a ser jogado no Brasil.

A tática de avestruz,  a exemplo da adotada pela CBF depois do 7 a 1, só agravará a situação.

Trocar Felipão por Dunga não muda nada estruturalmente.

Mais uma vez ficou claro que há uma gravíssima crise de representatividade no Brasil.

Quem souber responder ao fenômeno vencerá o embate pelo futuro do país.

SEMPRE HÁ ESPAÇO PARA O BOM HUMOR

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/