Topo

Blog do Juca Kfouri

Grande Dalmo! (1932-2015)

Juca Kfouri

02/02/2015 14h32

(null)

Santos e Milan, no Maracanã com 121 mil torcedores, decidiam a Copa Intercontinental de Clubes de 1963, para nós, brasileiros, o Mundial de Clubes.

Jogava-se a chamada "negra", o jogo desempate depois da vitória italiana por 4 a 2, com Pelé e tudo, em Milão, e da virada brasileira, no Maracanã sob vendaval, também por 4 a 2, sem Pelé, machucado, numa das mais épicas disputas já vistas em gramados brasileiros.

Em 21 minutos no segundo tempo o Santos transformou o 0 a 2 em 4 a 2, com dois gols de Pepe, aos 5 e aos 21, de Mengálvio, aos 9 e de Lima, o da virada, aos 19.

O terceiro jogo, num sábado, não poderia mesmo repetir o da quarta-feira.

Até que o extraordinário zagueiro Maldini cometeu pênalti no heroico Almir, o Pernambuquinho.

Aos 31 minutos do primeiro tempo quem se preparou para bater não foi nenhuma das nove estrelas santistas em campo.

Nem Mauro Ramos de Oliveira, nem Haroldo, nem Lima ou Mengálvio, Dorval, Coutinho, Almir ou Pepe, todos de seleções brasileiras.

Só nas laterais, Ismael na direita, e Dalmo, na esquerda, o maravilhoso time da Vila mais famosa do mundo, não tinha naquela noite craques de primeira grandeza.

Eram dois bons coadjuvantes, mas coadjuvantes, num futebol brasileiro que tinha Djalma Santos e Nilton Santos como donos absolutos das posições.

Pois foi Dalmo, o batedor oficial na ausência do Rei, quem teve a missão de bater o pênalti que se converteu no gol do bicampeonato mundial de clubes.

Dalmo, por sinal, sempre sustentou que foi o primeiro a bater pênaltis com paradinha, embora o expediente seja atribuído a Pelé.

Dalmo Gaspar morreu hoje, aos 82 anos.

E jamais sairá da história.

(null)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/