O Grêmio de Lupicínio
Esta semana, quarenta anos se passaram do falecimento de Lupicínio Rodrigues.
Lupicínio que foi inventor da dor de cotovelo.
Lupicínio que era negro.
Lupicínio que era torcedor do Grêmio.
Lupicínio que compôs o 'até a pé nós iremos… '
Muitos questionavam Lupicínio sobre seu amor gremista
– coisa meio maluca questionar amor…
Quando era muito mais simples e politicamente correto ser Colorado.
O Grêmio tinha tradições europeias.
O Internacional era o clube do povo.
Mas a história nem sempre é retilínea e uniforme.
E a história da paixão de Lupicínio pelo Grêmio era uma história da cor do Brasil.
História que ele mesmo narrou.
História de um menino de canelas pretas.
História de um Grêmio pelo qual ele decidiu torcer.
Um Grêmio que ultrapassou suas origens e abraçou Tesourinha.
Um Grêmio de Everaldo e Paulo Isidoro.
Um Grêmio jogando contra meninos pobres e maltrapilhos.
Os torcedores que ofenderam o arqueiro Aranha.
Torcedores que não entendem nada de nada.
Nem de futebol, nem da vida, nem de dor de cotovelo.
Estes torcedores gremistas urrando nas arquibancadas.
Poucos.
Indignos.
Fascistas.
Estes torcedores ofenderam quem lhes entregou as mais belas palavras de sua história.
'pois o certo é que nós estaremos, com o Grêmio onde o Grêmio estiver…'
Cabe ao clube e aos que amam o clube.
Exilar tais pessoas do convívio civilizado.
Relega-las ao passado triste e cruel que dividiu seres humanos neste país.
Para que o Grêmio seja sempre.
O Grêmio de Lupicínio…
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/