Luciana Genro topa a luta
Almoçamos hoje, em São Paulo, a candidata à presidência da República pelo PSOL, Luciana Genro e dois de seus assessores diretos, o jornalista Rodolfo Mohr e o geógrafo Maurício Costa.
Se já tinha boa impressão dela ao acompanhar sua coerente e corajosa trajetória política, ao fim de nossa conversa a avaliação foi ainda melhor.
A começar pelo fato de que nem bem nos apresentamos e ela adiantou que convidará Paulo André, do Bom Senso FC, para ser seu ministro do Esporte — como sugeri em minha coluna de hoje na "Folha de S.Paulo" caso fosse eu o candidato, risco que o país não corre.
Luciana Genro queria ouvir e ouviu o que idealizo como uma verdadeira Política Esportiva para o Brasil, coisa que não temos há mais de 500 anos.
E se disse disposta a aplicar o que um grupo de esportistas sugeriu a Lula, antes de sua posse em 2002, e que seus ministros do PCdoB desconheceram solenemente.
Uma política, em resumo, que vê o papel do Estado como responsável pela democratização do acesso à prática esportiva, fator de saúde pública e não voltada aos esportes de rendimento, tarefa da iniciativa privada.
Luciana Genro reaqueceu minha permanente chama de esperança.
Porque, como compôs Vitor Martins, em música de Ivan Lins, "Desesperar, Jamais!".
Aliás, estranhamente sem divulgação na imprensa, intelectuais e dirigentes ligados ao PSOL, como Vladimir Safatle, Ricardo Antunes, Márcia Tiburi, Mathias Seibel e Maurício Costa tomaram a iniciativa de fazer um abaixo-assinado em apoio à candidatura de Luciana Genro presidenta. Importantes adesões de intelectuais e professores universitários já começaram a chegar.
A primeira, destacada com orgulho, é a de Plínio de Arruda Sampaio, que ainda em vida, mesmo hospitalizado, foi consultado por seu filho Plínio de Arruda Sampaio Júnior, e aderiu com entusiasmo, junto com Plininho. Além dele, Leandro Konder também honra a candidatura com sua assinatura.
Outros nomes que não têm vinculação com o PSOL enviaram seu apoio como o jurista Fábio Konder Comparato, o filósofo Roberto Romano, o sociólogo Lúcio Flávio Pinto e os juristas Alysson Mascaro e Salo de Carvalho. Apoios de intelectuais de fora do Brasil também já começaram a chegar como de Michel Lowÿ, Gilbert Achcar, Eric Toussaint, Robert Brenner e Susan Weissman.
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DO APAGÃO DO FUTEBOL AO APAGÃO DA POLÍTICA: O SISTEMA É O MESMO
POR LUCIANA GENRO
O desastre da Seleção Brasileira na Copa do Mundo pode servir a uma causa nobre: é a hora de democratizar a CBF e dar adeus a Marin e seus amigos. Agora todos vão debater sobre o que, afinal, aconteceu. Foi um apagão? Um momento excepcional ou uma expressão de problemas estruturais? Resposta do jogador Paulo André, líder do Bom Senso FC: "O buraco é mais embaixo".
A direção da CBF é uma máfia composta por homens que pensam no futebol apenas como negócio e promovem tenebrosas transações. São protegidos pelo Ministério dos Esportes que não faz nada pelo Esporte e cujas ações irregulares já foram denunciadas inúmeras vezes. A corrupção corre solta, vai desde a venda dos jogadores, dos ingressos, passa pelos programas do Ministério dos Esportes, até o superfaturamento das obras nos estádios. Estádios que custaram bilhões e, segundo Dilma, só abrigam a "elite branca" do país.
Os clubes, quase falidos, pedem perdão das dívidas tributárias e o governo acena com um sim, numa verdadeira irresponsabilidade fiscal. Ao mesmo tempo, muitos dos dirigentes dos clubes endividados estão milionários. Uma verdadeira casta que enriquece com o futebol. E ela não faz parte da torcida, faz apenas grandes negócios, sonega impostos, não paga dívidas trabalhistas e lava dinheiro com a compra e venda de atletas.
Alguns poucos jogadores ganham milhões, mas a grande maioria ganha uma miséria e, às vezes, nem recebe o salário. Não há incentivo para o futebol de base e nem para os craques ficarem no Brasil. O Bom Senso FC, a verdadeira Seleção Brasileira, tem denunciado e apresentado propostas que têm sido ignoradas pelos dirigentes e pelo governo.
A situação do nosso futebol ilustra alguns dos problemas estruturais do sistema político brasileiro. Vivemos o apagão da política? Ou, ainda mais do que isso, é o Sistema que está todo errado?
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