Em nome do Padre, do filho Diego e do santo espírito de Lionel
Na Arena Corinthians, muito calor, muito sol e bom futebol entre Argentina e Suíça, apesar de mais um 0 a 0 no primeiro tempo de um jogo de oitavas de final porque, como era esperado, a chuva de gols ficou para trás.
Messi se desdobrava, mas a grande chance de gol dos primeiros 45 minutos esteve no tosco pé de Drmic, o suíço que, na cara do gol, tentou encobrir o Romero e passou a bola para o goleiro.
Os argentinos mandavam no jogo, tinham a bola por mais tempo, mas pouco exigiam do arqueiro suíço.
E o meia suíço do Bayer Munique, sonho de consumo do Liverpool, Shaqiri, rivalizava na sutileza e brilho com Messi, embora ambos não chutassem a gol.
Só aos 13 minutos do tempo final o goleiro helvético Benaglio teve de fazer sua primeira intervenção mais difícil.
A Argentina revelava impaciência com o empate e se lançava até imprudente ao ataque.
O ferrolho suíço funcionava feito um relógio, mas, aos 16, Higuaín forçou nova grande defesa de Benaglio.
Aos 22, o gol argentino parecia iminente.
Tivesse a Suíça uma linha de frente mais habilidosa e a Argentina estaria em maus lençóis.
Aos 25, ouviu-se um coro estranho ao jogo, mas não ao palco do jogo: "Timão, eeeôôôô, Timão eeeôôôô"…".
Palacio entrou no lugar de Lavezzi aos 28.
Quatro minutos depois, Messi limpou a defesa e soltou um petardo muito bem defendido por Benaglio.
Se no Brasileirão não tem jogo fácil, imagine na Copa.
A sensação era a de que os suíços especulavam em busca da prorrogação para tentar chegar ao imponderável da decisão na marca do pênalti.
Seferovic entrou no lugar de Drmic aos 37, porque o trocado não vale um franco suíço.
O jogo ia ficando cada vez mais pegado à medida que o tempo regulamentar se aproximava.
O lateral-esquerdo Rojo levou seu segundo amarelo e desfalcará a Argentina caso passe para as quartas de final.
Na cabeça suíça, o gol que despacharia os hermanos foi desperdiçado aos 46.
Prorrogação na arena alvinegra…
No sétimo jogo das oitavas, a quarta prorrogação, fora a classificação da Holanda nos acréscimos.
A vida é dura.
Contra o ferrolho suíço, o torniquete argentino.
A Copa dos gols é também, sem dúvida, dos goleiros e Benaglio é prova disso.
Ele parece ter treinado nos Alpes, frio feito um extraordinário homem das neves.
O jogo também esfriou apesar do drama, do tango, porque não há quem aguente mais 30 minutos depois de 90 e após três horas da tarde.
A Suíça chega a botar a Argentina na roda por uns 90 segundos, sob olé nas arquibancadas.
Rojo não suporta a maratona depois de correr 12 quilômetros e Basanta o substitui para jogar o segundo tempo da prorrogação.
Se alguém acendesse um charuto a Arena Corinthians iria pelos ares.
Gago sai, entra Biglia.
Di Maria mira o ângulo com um torpedo certeiro e o goleiro salva mais uma vez.
A Suíça, é claro, joga tudo pelos pênaltis que a tudo iguala e fará o Papa Francisco sofrer no Vaticano.
Que explode de alegria!
Messi arranca, a defesa vai toda para cima dele, o gênio abre na direita para Angel Di Maria que não perdoa os pecadores suíços.
A Argentina está nas quartas contra a Bélgica ou os Estados Unidos aos 13 minutos da prorrogação.
A combinação entre o gênio e o anjo resolve como por milagre.
Reforçado por uma bola na trave argentina aos 16…
Em seguida, do meio de campo, sem goleiro, o anjo quase amplia.
Na resposta, falta para Suíça na meia lua.
O estádio suspende a respiração.
Shaquiri bate na barreira e o jogo (jogo?) acaba.
O que é do homem o bicho não come.
Que Copa!
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/