Brasil, com bola e coração!
Desta vez, o hino a capela não foi a capela. Foi à catedral mesmo, imenso, intenso, comovente.
Desde antes de o jogo começar a torcida presente ao Castelão parecia querer fazer esquecer o embate, que perdeu, para os mexicanos.
Verdade, também, que era muito menos colombianos.
Mas a torcida brasileira estava quente como nunca nesta Copa.
E com 7 minutos, Neymar bateu escanteio para o capitão Thiago Silva entrar no segundo poste e fazer o país chorar de alegria: 1 a 0.
A Colômbia, até ali, inexistia e o Brasil jogava bem.
Mas, em seguida, Quadrado tirou lasca da trave nacional.
Bola roubada por Hulk leva perigo e Fernandinho e Maicon jogam bem, com segurança.
O Brasil pressiona e Ospina tem que defender duas bolas seguidas, de Hulk e Oscar.
A Colômbia tenta responder, mas o nível de atenção do time brasileiro não dá brecha e o time joga com sede.
Thiago Silva mata um contra-ataque que terminaria no empate e a torcida joga junto, sem parar.
Que jogo, enfim, que jogo!
Tudo que se esperava de Brasil e Colômbia.
James Rodriguez começa a jogar e, na Seleção, só Oscar desafina.
Paulinho está na fronteira de desencantar.
O apitador espanhol paralisa demais o jogo e Ospina volta a trabalhar num chute cruzado de Hulk.
Nestas alturas, 1 a 0 já é pouco porque o Brasil joga para mais.
David Luiz arranca aos trancos e barrancos e ainda xinga Zapata na volta, para levantar o Castelão.
Tem bola, mas também tem coração.
Neymar não está numa tarde feliz, ao contrário de Fernandinho e Júlio César não tem trabalho até que o espanhol marca uma falta na meia lua brasileira, aos 38, em dois lances. Nada acontece na cobrança.
Para sorte brasileira, o time colombiano, habilidoso e leal, define pouco.
O primeiro tempo termina com o placar mais apertado do que a Seleção fez por merecer e se José Pekerman sonhou com a avenida Daniel Alves encontrou-a fechada por Maicon, ótima providência de Felipão.
O lateral que era reserva e virou titular foi quem mais desarmes fez no primeiro tempo.
Uma voz agourenta lembrava, no intervalo, que também na Copa passada, em Port Elisabeth, litorânea como Fortaleza, a Seleção fizera ótimo primeiro tempo e terminara vencendo a Holanda, por 1 a 0.
Toc, toc, toc, o blogueiro bateu na madeira três vezes.
Começou o segundo com os brasileiros mantendo Cuadrado bem guardado e James Rodriguez neutralizado, embora faltasse que o ataque nacional jogasse mais ou fosse mais bem alimentado por um meio de campo ainda deficiente, que não fazia a bola chegar na frente.
Thiago Silva foi atendido e a Colômbia não quis saber de fair play.
O jogo, aos 20, começou a querer ficar dramático, naquela zona em que o empate muda tudo e o 2 a 0 liquida com o jogo.
O apitador espanhol parece sofrer de assopração precoce e pára o jogo sem parar.
Thiago Silva faz uma bobagem ao interceptar uma reposição de bola de Ospina e leva seu segundo cartão na Copa, que o tira do jogo semifinal caso o Brasil siga vencendo.
Dante, ao menos, está habituado com os alemães.
Mas uma nuvem quis pairar sob o Castelão, logo engrossada pelo empate, bem anulado por impedimento de Yepes.
Ufa!
Falta em Hulk na intermediária.
David Luiz bate.
Bate?
Não!
Explode a bola na rede colombiana, aos 23.
"O campeão voltou" canta o Castelão, já numa noite de comportamento exemplar.
Como a vida é dura, aos 31, Júlio César fez pênalti e James Rodriguez não negou fogo: 2 a 1.
A torcida enlouqueceu aos brados de "Brasil Brasil, Brasil!"
Tinha jogo e a Colômbia se lançou toda.
Ramires entrou no lugar de Hulk.
A Colômbia adotava a tática dos índios, mas organizada e Paulinho deu lugar a Hernanes.
Felipão queria ter mais a bola e confia no passe de Hernanes.
Neymar leva um tranco nas costas e tem de sair.
Henrique, o da confiança do treinador, entra em seu lugar.
Sem sofrer não tem graça, mas o momento é colombiano.
Felipão paga geral quando é anunciado que serão 5 minutos de acréscimos.
O Brasil tem a chance num contra-ataque e não aproveita.
Tome escanteios em cima de escanteios.
Haja!
Houve!
O Brasil vai a Belo Horizonte enfrentar a Alemanha.
Acabou o risco de vexame!
E foi bom e foi justo!
Além de do fecho de ouro, com a linda cena de David Luiz consolando e trocando camisa com James Rodriguez, em prantos.
NOTAS
Júlio César, 7, quase sem trabalho, teve de fazer o pênalti;
Maicon, 8, enfim, o cara certo no lugar certo na hora certa;
Thiago Silva, levaria 10 não fosse o cartão bobo, 8;
David Luiz, 9,5, porque dez só pra Deus;
Marcelo, 7,5, sua melhor partida;
Fernandinho, 8,5, muito bem armando e desarmando;
Paulinho, 7, também teve sua melhor atuação;
Oscar, 5, pálido, desbotado;
Hulk, 6,5, um trabalhador braçal;
Fred, 5, tentou, bem que tentou…;
Neymar, 5,5, também tentou;
Ramires, pelo escanteio conseguido no fim, 6;
Hernanes e Henrique sem nota;
Felipão, 8, porque mudou, porque mexeu, porque teve coragem.
Sobre o Autor
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