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Blog do Juca Kfouri

Brasil, com bola e coração!

Juca Kfouri

04/07/2014 18h57

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Desta vez, o hino a capela não foi a capela. Foi à catedral mesmo, imenso, intenso, comovente.

Desde antes de o jogo começar a torcida presente ao Castelão parecia querer fazer esquecer o embate, que perdeu, para os mexicanos.

Verdade, também, que era muito menos colombianos.

Mas a torcida brasileira estava quente como nunca nesta Copa.

E com 7 minutos, Neymar bateu escanteio para o capitão Thiago Silva entrar no segundo poste e fazer o país chorar de alegria: 1 a 0.

A Colômbia, até ali, inexistia e o Brasil jogava bem.

Mas, em seguida, Quadrado tirou lasca da trave nacional.

Bola roubada por Hulk leva perigo e Fernandinho e Maicon jogam bem, com segurança.

O Brasil pressiona e Ospina tem que defender duas bolas seguidas, de Hulk e Oscar.

A Colômbia tenta responder, mas o nível de atenção do time brasileiro não dá brecha e o time joga com sede.

Thiago Silva mata um contra-ataque que terminaria no empate e a torcida joga junto, sem parar.

Que jogo, enfim, que jogo!

Tudo que se esperava de Brasil e Colômbia.

James Rodriguez começa a jogar e, na Seleção, só Oscar desafina.

Paulinho está na fronteira de desencantar.

O apitador espanhol paralisa demais o jogo e Ospina volta a trabalhar num chute cruzado de Hulk.

Nestas alturas, 1 a 0 já é pouco porque o Brasil joga para mais.

David Luiz arranca aos trancos e barrancos e ainda xinga Zapata na volta, para levantar o Castelão.

Tem bola, mas também tem coração.

Neymar não está numa tarde feliz, ao contrário de Fernandinho e Júlio César não tem trabalho até que o espanhol marca uma falta na meia lua brasileira, aos 38, em dois lances. Nada acontece na cobrança.

Para sorte brasileira, o time colombiano, habilidoso e leal, define pouco.

O primeiro tempo termina com o placar mais apertado do que a Seleção fez por merecer e se José Pekerman sonhou com a avenida Daniel Alves encontrou-a fechada por Maicon, ótima providência de Felipão.

O lateral que era reserva e virou titular foi quem mais desarmes fez no primeiro tempo.

Uma voz agourenta lembrava, no intervalo, que também na Copa passada, em Port Elisabeth, litorânea como Fortaleza, a Seleção fizera ótimo primeiro tempo e terminara vencendo a Holanda, por 1 a 0.

Toc, toc, toc, o blogueiro bateu na madeira três vezes.

Começou o segundo com os brasileiros mantendo Cuadrado bem guardado e James Rodriguez neutralizado, embora faltasse que o ataque nacional jogasse mais ou fosse mais bem alimentado por um meio de campo ainda deficiente, que não fazia a bola chegar na frente.

Thiago Silva foi atendido e a Colômbia não quis saber de fair play.

O jogo, aos 20, começou a querer ficar dramático, naquela zona em que o empate muda tudo e o 2 a 0 liquida com o jogo.

O apitador espanhol parece sofrer de assopração precoce e pára o jogo sem parar.

Thiago Silva faz uma bobagem ao interceptar uma reposição de bola de Ospina e leva seu segundo cartão na Copa, que o tira do jogo semifinal caso o Brasil siga vencendo.

Dante, ao menos, está habituado com os alemães.

Mas uma nuvem quis pairar sob o Castelão, logo engrossada pelo empate, bem anulado por impedimento de Yepes.

Ufa!

Falta em Hulk na intermediária.

David Luiz bate.

Bate?

Não!

Explode a bola na rede colombiana, aos 23.

"O campeão voltou" canta o Castelão, já numa noite de comportamento exemplar.

Como a vida é dura, aos 31, Júlio César fez pênalti e James Rodriguez não negou fogo: 2 a 1.

A torcida enlouqueceu aos brados de "Brasil Brasil, Brasil!"

Tinha jogo e a Colômbia se lançou toda.

Ramires entrou no lugar de Hulk.

A Colômbia adotava a tática dos índios, mas organizada e Paulinho deu lugar a Hernanes.

Felipão queria ter mais a bola e confia no passe de Hernanes.

Neymar leva um tranco nas costas e tem de sair.

Henrique, o da confiança do treinador, entra em seu lugar.

Sem sofrer não tem graça, mas o momento é colombiano.

Felipão paga geral quando é anunciado que serão 5 minutos de acréscimos.

O Brasil tem a chance num contra-ataque e não aproveita.

Tome escanteios em cima de escanteios.

Haja!

Houve!

O Brasil vai a Belo Horizonte enfrentar a Alemanha.

Acabou o risco de vexame!

E foi bom e foi justo!

Além de do fecho de ouro, com a linda cena de David Luiz consolando e trocando camisa com James Rodriguez, em prantos.

NOTAS

Júlio César, 7, quase sem trabalho, teve de fazer o pênalti;

Maicon, 8, enfim, o cara certo no lugar certo na hora certa;

Thiago Silva, levaria 10 não fosse o cartão bobo, 8;

David Luiz, 9,5, porque dez só pra Deus;

Marcelo, 7,5, sua melhor partida;

Fernandinho, 8,5, muito bem armando e desarmando;

Paulinho, 7, também teve sua melhor atuação;

Oscar, 5, pálido, desbotado;

Hulk, 6,5, um trabalhador braçal;

Fred, 5, tentou, bem que tentou…;

Neymar, 5,5, também tentou;

Ramires, pelo escanteio conseguido no fim, 6;

Hernanes e Henrique sem nota;

Felipão, 8, porque mudou, porque mexeu, porque teve coragem.

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Ivo Minkovicius
Dagui Design

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/