Topo

Blog do Juca Kfouri

Holanda vira com magia

Juca Kfouri

29/06/2014 14h56

sneijder-comemora-apos-empatar-para-a-holanda-contra-o-mexico-1404064543794_956x500

Num calor sobre-humano em Fortaleza, o México parecia o time três vezes vice-campeão mundial e a Holanda um laranjal tímido, de suco insosso.

A superioridade asteca era tal que o 0 a 0 do primeiro tempo, com pelo menos quatro boas chances criadas e pouco risco, só não era injusto porque Robben foi derrubado na área norte-americana e o árbitro português não viu.

A superioridade mexicana no placar, porém, foi estabelecida logo no começo do segundo tempo, quando Giovani dos Santos fez belo gol de fora da área.

Era hora de a Holanda ser agressiva. E foi.

Aos 11 minutos o goleiro mexicano apareceu ao defender uma bola à queima-roupa, de primeira, chutada na pequena área, que San Ochoa de Fortaleza desviou e ainda viu o balão bater quase na junção do travessão com a trave esquerda.

O time laranja passou a espremer o verde.

Sob 32 graus centígrados, o México parecia não saber o que fazer com a vantagem, a 25 minutos de passar, pela primeira vez desde 86, para as quartas de final de uma Copa do Mundo.

Mas o time verde nem sequer passava, ou quase, da intermediária holandesa.

Há que saber sofrer, diz David Luiz sobre a Seleção Brasileira e o México sofria com San Ochoa voltando a evitar um gol, desta vez de Robben, que assumia o comando do jogo.

Nem por isso o México deixava se ousar, trocando Peralta, o algoz dos brasileiros na Olimpíada, por Chicharito Hernández.

A resposta holandesa foi trocar o esfalfado Van Persie por Huntelaar.

Ninguém poderia mais fazer substituições e se houvesse prorrogação seria um drama, uma desumanidade adicional.

San Ochoa de Fortaleza defendia até chutes dados por holandeses em impedimento na cara do gol.

Mas, aos 41, o terceiro craque laranja que pouco havia aparecido até agora na Copa, deu o ar de sua graça e, da entrada da área, de peito de pé, Sneidjer fez um golaço para empatar, num lance mágico.

A Holanda queria mais, tentava fugir do inferno da prorrogação.

Cinco minutos depois, Robben desceu pela direita, foi derrubado por Rafa Marquez depois de driblar um mexicano e, desta vez, o juiz apitou.

Era o gol da classificação holandesa que Huntelaar não desperdiçou — San Ochoa de um lado, bola de outro.

A maldição do quarto jogo cobre o México de dor.

E a chance de uma quarta final em Copas do Mundo permanece viva na Holanda.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/