Holanda vira com magia
Num calor sobre-humano em Fortaleza, o México parecia o time três vezes vice-campeão mundial e a Holanda um laranjal tímido, de suco insosso.
A superioridade asteca era tal que o 0 a 0 do primeiro tempo, com pelo menos quatro boas chances criadas e pouco risco, só não era injusto porque Robben foi derrubado na área norte-americana e o árbitro português não viu.
A superioridade mexicana no placar, porém, foi estabelecida logo no começo do segundo tempo, quando Giovani dos Santos fez belo gol de fora da área.
Era hora de a Holanda ser agressiva. E foi.
Aos 11 minutos o goleiro mexicano apareceu ao defender uma bola à queima-roupa, de primeira, chutada na pequena área, que San Ochoa de Fortaleza desviou e ainda viu o balão bater quase na junção do travessão com a trave esquerda.
O time laranja passou a espremer o verde.
Sob 32 graus centígrados, o México parecia não saber o que fazer com a vantagem, a 25 minutos de passar, pela primeira vez desde 86, para as quartas de final de uma Copa do Mundo.
Mas o time verde nem sequer passava, ou quase, da intermediária holandesa.
Há que saber sofrer, diz David Luiz sobre a Seleção Brasileira e o México sofria com San Ochoa voltando a evitar um gol, desta vez de Robben, que assumia o comando do jogo.
Nem por isso o México deixava se ousar, trocando Peralta, o algoz dos brasileiros na Olimpíada, por Chicharito Hernández.
A resposta holandesa foi trocar o esfalfado Van Persie por Huntelaar.
Ninguém poderia mais fazer substituições e se houvesse prorrogação seria um drama, uma desumanidade adicional.
San Ochoa de Fortaleza defendia até chutes dados por holandeses em impedimento na cara do gol.
Mas, aos 41, o terceiro craque laranja que pouco havia aparecido até agora na Copa, deu o ar de sua graça e, da entrada da área, de peito de pé, Sneidjer fez um golaço para empatar, num lance mágico.
A Holanda queria mais, tentava fugir do inferno da prorrogação.
Cinco minutos depois, Robben desceu pela direita, foi derrubado por Rafa Marquez depois de driblar um mexicano e, desta vez, o juiz apitou.
Era o gol da classificação holandesa que Huntelaar não desperdiçou — San Ochoa de um lado, bola de outro.
A maldição do quarto jogo cobre o México de dor.
E a chance de uma quarta final em Copas do Mundo permanece viva na Holanda.
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