Era Neymar. Aliás, é!
Brasil e Chile já se enfrentaram três vezes por Copas do Mundo.
No Chile, em 1962, nas semifinais, goleada brasileira por 4 a 2.
Na França, em 1998, nas oitavas, goleada brasileira por 4 a 1.
Na África do Sul, nas oitavas, goleada brasileira por 3 a 0.
Imagine o estado de espírito para o jogo de Belo Horizonte, no sábado que vem, pela quarta vez em jogo de vida ou morte, pela terceira vez nas oitavas de final, e contra uma Seleção Brasileira que passou bem por Camarões, no Mané Garrincha.
Estado de espírito que poderia beirar o terror caso o time brasileiro tivesse passado por Camarões sem mostrar ainda tantas deficiências.
O Mané Garrrincha viu as diabruras de Neymar, dois gols dele ainda no primeiro tempo, aos 17 e 35 minutos, e nova boa exibição de Luiz Gustavo, autor do desarme e do passe que resultaram no primeiro gol brasileiro, quando Camarões já ameaçava a defesa brasileira, principalmente na cobrança de escanteios e pela avenida Daniel Alves, toda esburacada, responsável direto pelo gol africano depois que Nyom pintou e bordou em cima dele e cruzou para Matip empatar, aos 26.
Fred, na frente, e Paulinho, no meio, revelavam absoluta insegurança e desfilavam mais uma vez um futebol abaixo da crítica.
A Seleção abusava da ligação direta, pela inexistência do meio de campo.
Fato é que se o Brasil não tem Neymar as coisas estariam complicadas e Jorge Sampaoli há de estar queimando seus neurônios para descobrir um meio de neutralizá-lo, como, aliás, os mexicanos conseguiram.
Não fosse por Neymar e estaríamos em plena "Era Luiz Gustavo", o dito tosco cão de guarda que tem sido decisivo até para os gols brasileiros.
Quem sabe se o destino do Bayer Munique não teria sido melhor na temporada passada caso tivesse mantido o brasileiro em seu meio de campo?
Felipão, enfim, trocou Paulinho por Fernandinho no intervalo e o Mané Garrincha aplaudiu.
Na primeira bola de Fernandinho o volante deu para Hulk fazer o terceiro gol e o atacante, ao demorar para bater, desperdiçou.
Mas foi ainda uma jogada sua que redundou no terceiro gol, o primeiro, enfim, de Fred, aos 4 minutos, atrás da linha da bola, completando o belo cruzamento de David Luiz.
Ramires entrou no lugar de Hulk, aos 16.
A Seleção tinha o jogo controlado, mas brilhar não brilhava até que, em linda triangulação com Fred e Oscar, Fernandinho fez o 4 a 1, exatamente quando quase 70 mil vozes pediam "mais um".
Notas
Júlio César, sem culpa no gol, 6;
Daniel Alves, culpado, 3;
Thiago Silva, como sempre, 7;
David Luiz, igual, 7;
Marcelo, parece que vai, mas…5;
Luiz Gustavo, fundamental, 7,5;
Paulinho, irreconhecível, 3;
Oscar, trabalhador, mas ineficaz, 4,5;
Neymar, o cara, 8,5;
Fred, pelo terceiro gol e pelo passe para o quarto gol, 5;
Hulk, indeciso na hora agá, 5,5;
Fernandinho, mudou a cara do jogo, 7,5;
Ramires, morno, 5,5;
Willian, quente, 6;
Felipão, pela troca de Paulinho por Fernandinho, 6, 5.
Tivesse posto Maicon levaria 7,5.
Tirar Fred é mais complicado, mas trocar Oscar por Willian também seria uma boa, coisa que ele iria fazer até resolver, prudente e corretamente, que seria melhor poupar Neymar.
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