Megaeventos só com consulta ao povo
"Dois mais dois são seis, disse o tirano.
Dois mais dois são cinco, disse o tirano moderado.
Àqueles que recordam, com seus riscos e perigos, que dois mais dois são quatro, os policiais dizem: 'Você não quer que voltemos à época em que dois mais dois eram seis, não é?'."
A frase é do escritor francês Philippe Sollers e cabe feito luva neste clima de Fla-Flu eleitoral vivido no Brasil, em que as críticas ao andamento da Copa do Mundo são rotuladas como vindas da oposição e os elogios como de situacionistas.
Pois saibam todos que pela questão se interessarem que este blogueiro não está nem aí para uns e para outros.
E seguirá tentando mostrar os fatos como os fatos são.
Se ajudam A ou B, sorte deles.
Se atrapalham, azar deles.
Porque o que os fanáticos por A ou B não sabem é que o Brasil não lhes pertence e está acima deles.
Com o que o blog começa a empunhar uma nova bandeira:
a da exigência de consulta popular antes que quaisquer governos se metam a se candidatar a sediar megaeventos.
Talvez este possa ser o maior legado da Copa do Mundo e da Olimpíada no Brasil.
Os brasileiros se deram conta de que megaeventos são muito bons para quem os organiza, como a FIFA, o COI, e para quem os produz, como as empreiteiras, as agências de propaganda, grupos de mídia e a cartolagem.
Mas, em regra, são ruins para as cidades e países que os recebem.
Munique, na Alemanha, Saint Moritz, na Suíça, e Estocolmo, na Suécia, fizeram plebiscitos e rejeitaram receber as Olimpíadas de Inverno de 2022, porque sabem que pagariam para que outros lucrassem.
Temos de ir pelo mesmo caminho.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/