O clássico do absurdo
POR RENATO MAURÍCIO PRADO, em "O Globo"
Ironia do destino, a tabela do Brasileiro acabou promovendo, amanhã, logo na primeira rodada do campeonato, o chamado "Clássico do STJD", ou o "Jogo do Tapetão", ou ainda o "Confronto dos dois pesos para uma medida": Fluminense x Figueirense — que jamais poderiam se enfrentar este ano, se houvesse um mínimo de coerência ou senso de justiça na CBF e nos tribunais esportivos.
Como já é público e notório, o Flu escapou de mais uma degola graças à escalação de um jogador da Portuguesa, considerado pelo STJD em condição irregular. Curiosamente, na Série B, o mesmo aconteceu com um atleta do Figueirense que, entretanto, nada sofreu, pois os doutos juízes do mesmíssimo tribunal resolveram ignorar a questão. Coincidência ou não, no caso da Lusinha do Canindé, o beneficiado foi o poderoso Tricolor das Laranjeiras. Já na questão do Figueira, bem aí o beneficiado seria o modesto Icasa. E ainda insistem em dizer que a Justiça é cega… Só rindo!
Se houvesse nexo nas decisões, ou o Flu deveria encarar o Icasa neste primeiro jogo, ou o Figueirense enfrentar a Portuguesa. Aí, pelo menos, poderia se dizer que não houve um descarado jogo de interesses políticos para favorecer os mais fortes.
Em tempo: alegar que os casos da Portuguesa e do Figueirense são diferentes é usar de sofisma. À fria luz da lei (que foi o que norteou a condenação da Lusa), eles são idênticos, pois ambos escalaram jogadores irregulares.
E, pior, o resultado do jogo em que o Figueirense usou o jogador sem condições foi fundamental para a sua ascensão. O que não aconteceu com a Portuguesa, só rebaixada pela pena de três pontos perdidos, além do que conquistara no campo.
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