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Blog do Juca Kfouri

Bom Senso FC responde ao cartolão gaúcho

Juca Kfouri

05/04/2014 00h01

Carta Aberta ao Presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Sr. Francisco Noveletto ::

Sr. Presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Noveletto:

Nós, do Bom Senso Futebol Clube, temos acompanhado, com pesar, sua má vontade com nosso movimento. Notícias recentes demonstram sua postura de desapreço por nossas proposta para o calendário do futebol brasileiro, tais como:

"Cada um na sua. Uns têm que jogar e outros têm que organizar. Não dá para uma pessoa fazer as duas coisas. Não tem fundamento nenhum o que estão pedindo. Não estou defendendo a CBF, sou oposição (…) mas é uma proposta sem fundamento essa do Bom Senso"

"Francisco Noveletto, líder da oposição na CBF, não vai usar as ideias do Bom Senso F.C. para fortalecer sua candidatura à presidência da confederação. O cartola gaúcho discorda de propostas apresentadas pelo movimento de jogadores, que se opõe ao modelo da atual gestão da CBF. O oposicionista, por exemplo, diz ser "inviável" a proposta de calendário do Bom Senso. "Como que vai se pagar? Quem vai bancar todas as passagens aéreas dos times, as estadias?", afirma Noveletto. O cartola se refere à proposta de criação da Série E do Brasileiro, com 432 times".

Então, sr, Noveletto, gostaríamos de ponderar alguns elementos de suas colocações, que nos parecem impróprias:

· O sr. diz que lugar de jogador de futebol é no campo, e não na organização. Então, nós, jogadores, que produzimos o espetáculo, não temos direito de opinar? Sr. Noveletto, vamos travar um debate de alto nível, discutindo ideias, sem desqualificações.

· Nossa Série E, que o sr. critica, não tem custos exorbitantes de passagens aéreas, muito menos de estadias, conforme o sr. alega. Os grupos de 12 ou 13 clubes da Série E são regionais e, mais do que isso, microrregionais. Ou seja, os clubes estão geograficamente próximos e, assim, as passagens – que não são aéreas, mas sim terrestres – são bastante baratas. E, com os clubes do mesmo grupo sendo vizinhos, não é necessário haver hospedagens, logo o custo de estadia é nulo. Apenas em poucos estados, mais ao norte do país, onde os clubes são geograficamente mais distantes, há esses custos. São situações absolutamente pontais, que são perfeitamente gerenciáveis.

· Para seu governo, primeiro exemplo: em São Paulo, pelos dados de 2.013, há 105 clubes em atividade; se, por hipótese, 21 deles estiverem nas séries A, B, C e D, sobram 84; esses 84 clubes podem constituir sete grupos de 12 clubes, de acordo com a proximidade geográfica. Qual é o custo de passagem aérea e de hospedagem que existe em um jogo Linense x Marília?

· Para seu governo, segundo exemplo: no Rio de Janeiro, pelos dados de 2.013, há 73 clubes em atividade; se, por hipótese, 13 deles estiverem nas séries A, B, C e D, sobram 60; esses 60 clubes podem constituir cinco grupos de 12 clubes, de acordo com a proximidade geográfica. Qual é o custo de passagem aérea e de hospedagem que existe em um jogo Bonsucesso x Olaria?

· Para seu governo, terceiro exemplo: no Rio Grande do Sul, seu estado, pelos dados de 2.013, há 46 clubes em atividade; se, por hipótese, sete deles estiverem nas séries A, B, C e D, sobram 39; esses 39 clubes podem constituir três grupos de 13 clubes, de acordo com a proximidade geográfica. Qual é o custo de passagem aérea e de hospedagem que existe em um jogo Associação Garibaldi de Esportes x Grêmio Atlético Farroupilha?

· Segundo dados levantados por nós, do Bom Senso Futebol Clube, 91 % dos jogos das série C, D e E que propomos têm viagens de ônibus e apenas 9 % têm viagens de avião, com algo parecido acontecendo nas hospedagens. Já nos certames Série C e Série D atualmente realizados pela Confederação Brasileira de Futebol, 78 % das deslocações são de avião, e apenas 22 % das deslocações são de ônibus. Ou seja: nosso modelo incorre em um custo por jogo muitíssimo menor que o modelo atual, pelo fatos dos grupos serem regionalizados e, no mais das vezes, microrregionalizados.

· É relevante constatar, também, que, no modelo atual, a Confederação Brasileira de Futebol gasta 40 milhões de reais para financiar 410 jogos, ao passo que o nosso modelo tem custo de 93 milhões de reais para se financiar 9.312 jogos. Qual dos dois modelos tem a melhor relação custo/ benefício? Qual dos dois modelos permite que todos os clubes estejam em atividade por quase dez meses da temporada? Não parece ser difícil responder…

Presidente Novelletto, lhe convidamos a nos procurar e conhecer nossas propostas. Se, como diz reiteradas vezes, o sr. discorda da maneira que a Confederação Brasileira de Futebol tem sido gerida, o Bom Senso Futebol Clube tem muito a lhe dizer.

Bom Senso Futebol Clube

Por um futebol melhor
para quem joga,
para quem torce,
para quem apita,
para quem transmite,
para quem patrocina.

Por um futebol melhor para todos.

Acesse nosso site e conheça as nossas propostas:
http://www.bomsensofc.org/

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/