A Lusa honra suas cores
Depois de muitas marchas e contra-marchas eis que a Portuguesa entrou na Justiça para buscar de volta a vaga que lhe pertence porque o STJD se julga acima da lei que vigora no Brasil.
Entrou pelas mãos de um advogado seu torcedor, em troca apenas de sua paixão, o que é muito bom.
E já encontrou um juiz que tem o entendimento que o bom senso recomenda, alguém que sabe que até a Fifa se curvou ao belga Bosman em decisão de um tribunal internacional que enterrou a lei do passe.
A Lusa percorre, enfim, o caminho que o Gama ensinou 15 anos atrás e que obrigou também a CBF a se curvar.
O que vai acontecer?
Não sei e até lamento que o futebol brasileiro se veja novamente ameaçado de virar mais caótico do que já é.
Teremos a mesma solução de 2000 com mais clubes no Brasileirão?
Não sei e lamento se isso acontecer, mas não é problema da Lusa, mas causado por um STJD infame, coalhado de personagens dignos de estrelararem um filme pastelão.
Cairá o Flamengo?
Improvável, porque vítima do mesmo erro que atingiu a Lusa.
Quem caiu em campo é de conhecimento público, e entre as mil teorias conspiratórias que até agora permanecem como tais, por mais investigadas que tenham sido, há até uma que imagina que o poderoso patrocinador de um dos que caíram pagou pela queda da Lusa.
A entrada do clube na Justiça, a revisão do fim de carreira de Héverton, nada autoriza que tal barbaridade tenha acontecido.
O que importa é que, no mês em que comemoramos os 40 anos da Revolução dos Cravos em Portugal, um de seus representantes no futebol brasileiro não se acovardou.
"Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um imenso Portugal", cantou, então, o tricolor Chico Buarque de Hollanda.
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/