Fifa admite que Copa das Confederações quase foi adiada e pôs em risco a Copa do Mundo no Brasil
No dia 21 de junho, neste blog, como no dia anterior, na rádio CBN, foi dito que a Fifa discutia a hipótese de paralisar a Copa das Confederações, informação obtida de ótima fonte, mas, então desmentida pela entidade.
No mesmo dia 21, Vinicius Segalla, com a equipe do UOL Esporte — Daniel Tozzi, Ricardo Perrone e Rodrigo Mattos — , confirmava a informação que a Fifa insistia em negar.
Eis que em entrevista de Jérôme Valcke ao jornalista André Kfouri, da ESPN Brasil, o secretário geral da Fifa confessou que a hipótese foi mesmo aventada, como você pode conferir na transcrição abaixo.
A entrevista inteira irá ao ar às 18h de hoje na ESPN Brasil e às 21h30 na ESPN:
AK:É impossível falar sobre a Copa das Confederações sem mencionar os protestos nas ruas do Brasil e nos locais onde os jogos estavam acontecendo. Foi assustador para o pessoal da Fifa que veio trabalhar no torneio? E essa foi a verdadeira razão para o Senhor Blatter ter deixado o país por um período?
JV: Primeiramente, para entender sua segunda pergunta: Blatter deixou o país porque tinha de ir à Turquia para a abertura da Copa do Mundo Sub-20. Que isso fique claro. Não teve nada a ver com o Brasil. Eu acho que, se estou correto, foi na noite de 20 de junho, quando as coisas atingiram o auge. Eu me lembro de estar vendo pela televisão e estar em contato com Luis Fernandes (secretário executivo do Ministério do Esporte) e pessoas da segurança até quatro horas da manhã. Não foi a noite mais fácil para nós. Pela manhã, fizemos uma reunião de crise para falar sobre a situação no Brasil e como nós poderíamos lidar com ela. Vocês estavam surpresos, da mídia, o governo estava surpreso, a polícia e a segurança estavam surpresos. Eu acho que ninguém poderia esperar tamanho nível de manifestações no Brasil. Então foi uma grande surpresa para todos e a questão era como ter certeza de que todas as pessoas que estavam indo para os estádios, e os estádios estavam cheios de brasileiros, passando pelas manifestações, iriam conviver com isso. Nossa maior preocupação era garantir o mais alto nível de segurança para o torneio. Não para proteger a Fifa. Para proteger os jogadores, os torcedores, vocês da mídia, e ter certeza de que o show iria continuar. Seria a pior coisa se tivéssemos de tomar a decisão de adiar a Copa das Confederações. Seria o pior para o Brasil, não só para a Fifa. E por isso houve uma decisão tomada entre o governo, o comitê organizador local e a Fifa, com todas as instituições de segurança, para dizer "não, nós vamos organizar o torneio até a final".
AK:Não haveria Copa do Mundo se vocês tivessem decidido adiar a Copa das Confederações?
JV: Tecnicamente falando, sim.
AK:Não haveria Copa do Mundo?
JV:Tecnicamente falando, se a Copa das Confederações não fosse organizada até o final, poderia não haver Copa do Mundo no Brasil em 2014.
Relembre:
A Copa das Confederações pode ser suspensa
Juca Kfouri
21/06/2013 01:21
Oficialmente, a Fifa informa que até agora não se falou da hipótese de suspender a Copa das Confederações.
Extra-oficialmente, no entanto, não são poucas as fumaças de que a ideia está posta.
E onde há fumaça há fogo e fogo, infelizmente, é o que não tem faltado pelas ruas e avenidas do Brasil.
Veículos da Fifa foram apedrejados em Salvador e o hotel em que estão funcionários da entidade correu risco de ser invadido, assim como no Rio de Janeiro.
Joseph Blatter, que ficaria até o fim da Copa no Brasil, voou para Turquia e desmarcou o almoço que teria ontem com o governador de Pernambuco e com o prefeito de Recife.
Base jurídica, segundo a Lei Geral da Copa, a Fifa tem para suspender a Copa e exigir ressarcimento do governo brasileiro, que recebeu sinais da fumaça e está preocupado.
Não precisa nem ter olhos para ver que motivos há, de sobra, para preocupação.
E sempre é bom lembrar: a Fifa não pediu para o Brasil receber a Copa.
Foi o Brasil que se ofereceu para receber a festa da Fifa.
E foram governadores de todos os partidos, do PT, do PSDB, do PMDB, do PSB que concordaram em erguer as faraônicas arenas que encantam os olhos e irritam as prioridades nacionais.
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