Libertas quae sera tamen
Simón Bolívar o Libertador da América, nasceu, 230 anos atrás, num 24 de julho igualzinho ao de ontem.
Que marca a data da Independência do Atlético Mineiro, o Galo vingador.
E vingado.
Agora, dos 12 grandes clubes do Brasil, só Botafogo e Fluminense ainda não têm a Libertadores, o que não os faz menores, diga-se de passagem.
Mas a epopeia do Mineirão lotado faz do Galo ainda maior.
Se os primeiros tempos do velho Mineirão marcaram a ascensão do rival Cruzeiro, o primeiro ano do novo estádio apresenta o canto do Galo rei do terreiro da América.
A vitória nasceu nos pés de Victor que, com 15 minutos de jogo, salvou o que seria o primeiro gol do Olimpia.
Antes, Jô não abrira o placar por uma fração de segundo, em bola cruzada da direita.
Se o primeiro tempo foi tenso e sofrido para os atleticanos, ao observador pareceu amarrado e nada que se assemelhasse ao clima de decisão de Libertadores e com as melhores oportunidades nos contra-ataques paraguaios.
Nem Ronaldinho nem Bernard brilhavam.
A festa estava marcada para o segundo tempo.
Cuca tirou Pierre e pôs Rosinei.
Que, no primeiro minuto, em sua primeira jogada, cruzou para Pittoni furar e Jô marcar, sem perdão.
Azarado o Cuca?
Era a senha para sanha atleticana que com Tardelli e Jô criou mais duas chances de gol antes dos dez minutos.
Aos 14, numa jogada esquisita, Leonardo Silva cabeceou no cocoruto do travessão num Mineirão ensandecido e, três minutos depois, Salgueiro jogou o empate para fora.
Mas o goleiro Silva era quem impedia o segundo gol brasileiro, em nova cabeçada de Leonardo Silva.
Corajoso, Cuca sacou Michel e pôs Alecsandro.
Era o tudo ou tudo, para mais de 56 mil torcedores que viram um fabuloso escorregão de Ferreira impedir o empate paraguaio.
Aí, o zagueiro Mansur foi expulso por pegar Alecsandro (azarado o Cuca?) e no minuto seguinte, enfim, a santa cabeça de Leonardo Silva fez 2 a 0, como o Atlético Nacional da Colômbia, em 1989, contra o mesmo Olimpia, que havia vencido pelo mesmo placar o jogo de ida.
Veio a sonhada prorrogação, mas só porque o apitador, colombiano, não marcou pênalti claro em Jô.
Onze contra dez. Quer dizer, 56 mil e onze contra dez.
E Réver cabeceou na trave aos 8.
Mas o Galo não conseguia fazer valer a vantagem.
Não tomava sustos, mas também não assustava, como se tivesse relaxado depois de conseguir o empate no placar agregado.
Os paraguaios, naturalmente, jogavam pelos pênaltis e, no derradeiro minuto, salvaram a cavadinha de Alecsandro que valeria o título.
Que venham os pênaltis. E vieram, meu santo padre!
Haja!
Miranda, o do escorregão, bateu no meio do gol e Victor se adiantou para defender.
Alecsandro, o da cavadinha, bateu no canto e fez 1 a 0!
Ferreyra empatou.
Guilherme, o que eliminou o NOB, fez 2 a 1!!
Candia empatou.
Jô, o dos gols salvadores, fez 3 a 2!!!
Aranda empatou.
Leonardo Silva, outro dos gols salvadores, fez 4 a 3!!!!
Gimenez, o Baggio do Galo, bateu na trave.
Galo liberto, mesmo que tarde, já na madrugada.
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