Sufoco.E festa merecida
Outra vez o hino cantado à capela em altos brados, retumbante.
Outra vez um time brasileiro tão pilhado que em menos de um minuto, numa blitz empolgante, três chances foram criadas de gol.
Experientes e sem saída de bola pela marcação férrea do ataque brasileiro, os italianos tentavam quebrar o ritmo do jogo.
Conseguir não conseguiam, embora duas vezes, em 15 minutos, tenham chegado bem ao ataque.
Pela primeira vez nesta Copa das Confederações, o time do Felipão não fazia gol no começo do jogo.
A Itália errava muito em sua defesa, infantilmente mesmo.
Aos 21, Oscar deu o gol para Neymar que bateu cruzado, mas descalibrado.
Em seguida, Neymar dá uma entrada em Abate, que havia batido nele segundos antes, toma cartão amarelo, mas o abate a tal ponto que ele sai para a entrada de Maggio.
David Luiz também se machucou e Dante entrou, aos 32.
Balotelli não conseguia jogar e bobeou ao não se aproveitar de uma surpreendente furada de Dante.
O árbitro do Uzbequistão não era amigo do Felipão, que deve ter reclamado muito dele por lá, porque ia amarelando o time nacional.
Com razão, aliás.
A justiça no placar veio já nos acréscimos, quando Dante pegou o rebote do Buffon numa cabeçada de Fred, em lançamento de Neymar cobrando falta sofrida por ele mesmo na esquerda.
Dante, na cabeçada de Fred, estava ligeiramente impedido…
O segundo tempo, embora já sem sol e com temperatura bem mais amena, deveria ser de sofrimento para a azurra, claramente desgastada.
O Brasil vencia, convencia e alegrava.
Pareceu que a festa cresceria no recomeço do jogo, mas um tiro de meta bem batido por Buffon cai no calcanhar de Balotelli que, nas costas de Marcelo, lança Giaccherini que bate cruzado e empata.
Hora de reagir, ou melhor, minutos para reagir, porque Neymar cavou uma falta na entrada da área e bateu com maestria, para fazer 2 a 1, quatro minutos depois.
Corrijo: o apitador é amigo do Felipão.
E não é que a Itália achou força para vir para cima do Brasil com tudo?
Aos 23, fim de papo!
Marcelo fez um lançamento sensacional para Fred, que matou a pelota, foi empurrado, mas levou a melhor e fez 3 a 1.
Então, Felipão tirou Neymar para que ele fosse delirantemente aplaudido e pôs Bernard, o que tem "alegria nas pernas".
Corrijo novamente: o assoprador de apito não é amigo do Felipão.
Porque ele apitou uma falta na área do Brasil, o lance seguiu, e Chiellini diminuiu, aos 25.
Tinha papo, pois!
Fernando entrou no lugar de Hulk, para segurar, diante de quase 49 mil torcedores, apenas mil a menos do que cabe na Fonte Nova
3 a 2 fôra o resultado que eliminou o Brasil na Copa de 1982 e o da cobrança de pênaltis que deu o tetra em 1994.
Aos 39, Maggio cabeceou no travessão brasileiro.
A Itália substituía o cansaço pelo coração em busca do empate em nome da honra, porque dava no mesmo em termos de classificação.
Contrariando a Fifa, a torcida, educadamente branca até na Bahia, chamava Balotelli de "viado'.
A verdade é que o jogo merecia uma arbitragem mais competente que a do tal Irmatov, que andou mais para Sogratov…
Mas o que é do homem o bicho não come e depois de mais uma roubada de bola, Bernard achou Marcelo que chutou forte, deu rebote de Buffon que Fred não desperdiçou.
A Itália caía de quatro, mas com dignidade.
NOTAS
Júlio César, sem culpa, 7;
Daniel Alves mais preso e bem no apoio, 7;
Thiago Silva, sempre seguro, 7,5;
David Luiz estava afoito e se machucou, 6,5;
Dante entrou e se deu bem, 7;
Marcelo, altos e baixos, mais altos que baixos, 7;
Luiz Gustavo sem problemas, 7;
Hernanes não foi mal, mas não jogou o que ele mesmo esperava, 6,5;
Oscar, desgastado, vaga-lume, 6,5;
Hulk, trabalhador, insinuante, 6;
Fred, fez dois gols e ajudou muito como pivô, 8;
Neymar, apanhou, simulou, fez mais um golaço, cresce o menino, 8,5;
Bernard, alegria nas pernas e passe decisivo, 7;
Fernando, pouco tempo, quase entregou o ouro, tudo bem, 5;
Felipão, cada vez mais, tem o time na mão, 7.
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/