Os primeiros presos da Copa. E a reação dos estudantes
NOTA PÚBLICA DO MTST
O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) faz parte da Resistência Urbana, que ontem dia 14/6 promoveu uma jornada nacional de manifestações questionando a Copa do Mundo Fifa 2014, evento que está provocando milhares de despejos país afora, além de submeter os brasileiros à Lei Geral da Copa, uma arbitrariedade que restringe inclusive o direito de ir e vir, bem como o de se manifestar.
Isso sem mencionar os altíssimos custos do evento, pagos quase exclusivamente pelo povo.
Entre as ações de ontem, destaca-se a que ocorreu em Brasília, onde nossos militantes travaram o Eixo Monumental, principal acesso ao Estádio Nacional Mané Garrincha por mais de duas horas com grande repercussão, inclusive na imprensa internacional.
Numa reação vergonhosa com o intuito de reprimir as manifestações e criminalizar o Movimento, o Governo do Distrito Federal iniciou no fim da tarde uma verdadeira caça às bruxas (expediente da Ditadura Militar!), prendendo nada menos que 5 militantes, entre eles duas coordenadoras do MTST que estavam com uma criança de 4 anos!
Além disso, outros vários militantes e aliados do Movimento foram perseguidos pelas polícias militar e federal durante a noite.
Graças à solidariedade de nossos aliados e apoiadores, conseguimos, já ao fim da noite, a liberação de todos por meio de fiança.
Como se não bastasse nos perseguir como se fossemos criminosos de altíssima periculosidade, o GDF e a polícia militar aventaram uma série de acusações absurdas contra o Movimento.
Uma delas é que as pessoas que participaram da manifestação no Mané Garrincha teriam recebido R$ 30.
Nossos aliados do grupo Brasil e Desenvolvimento que participaram da ação também foram vítimas de insinuações caluniosas por parte do governo local.
Essa nota vem para desmentir o GDF, a PM e a imprensa que veicula mentiras sem apurar os fatos.
O GDF de Agnelo Queiroz tem a marca da intransigência com os trabalhadores e movimentos populares, o que se expressa na declaração de seu Secretário de Segurança de que "quem fizer manifestação na Copa das Confederações será preso".
Essa característica somada aos desmandos da FIFA no período da Copa das Confederações tem como resultado a repressão contra os mais pobres.
Na tentativa de nos destruir, o primeiro passo é nos calar e nos amordaçar.
Mas isso não acontecerá.
Seguimos questionando: Copa pra quem?
Nota dos Estudantes
Elaborada a partir da ''Reunião Aberta sobre os Atos e Manifestações Ocorridos em São Paulo'' e realizada na Faculdade de Direito do Largo São Francisco
Nós, estudantes, centros acadêmicos e entidades abaixo subscritas, vimos por meio desta nota repudiar o ocorrido no dia 13/06, durante o Quarto Grande Ato pela Redução da Tarifa do transporte público em São Paulo. Consideramos inaceitáveis a violenta repressão e arbitrariedade cometidas pela Polícia Militar, que sufocaram o direito constitucionalmente garantido de livre manifestação de milhares de cidadãos e cidadãs.
Em decorrência disso, o movimento que inicialmente reivindicava a redução da tarifa, hoje incorpora uma luta muito maior, pelo direito de protesto, de liberdade de expressão e de ocupação do espaço público que são inerentes ao Estado Democrático de Direito e não podem ser suspensos de modo algum.
Ao contrário do que se tem veiculado por setores da mídia, a conduta de violência policial foi aplicada de forma sistemática contra a manifestação pacífica. As milhares de pessoas que expressavam sua opinião foram recebidas com gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral, balas de borracha, além de revistas e prisões por averiguação (flagrantemente ilegais) pelo porte de garrafas de vinagre. Toda essa ação demonstra uma escolha política do Poder Público em não dialogar com os seus cidadãos e cidadãs, seus representados.
A ação ocorrida no dia de ontem mostra a necessidade de repensarmos as políticas de segurança pública e o caráter militar da nossa Polícia, de nos posicionarmos contrários à criminalização dos movimentos políticos e de manifestações da população, bem como de repensarmos a atual estrutura do transporte público na cidade de São Paulo, que serviu de estopim para todo o movimento.
O Poder Público, tanto Municipal quanto Estadual, precisa abrir canais de diálogo com a sociedade civil, abandonando o discurso que legitima a repressão de manifestações populares. Apoiamos e estaremos presentes no 5º Grande Ato pela Redução da Tarifa, esperando que dessa vez os direitos da população de se manifestar sejam respeitados pelas autoridades. Mais do que a discussão sobre uma política pública, o que está em discussão são os nossos direitos fundamentais. E é marcando presença nas ruas que poderemos defendê-los.
São Paulo, 14 de junho de 2013
Subscrevem:
Centro Acadêmico XI de Agosto – Faculdade de Direito da USP
Centro Acadêmico Guimarães Rosa – Instituto de Relações Internacionais da USP
Diretório Acadêmico Eugênio Gudin – Universidade Presbiteriana Mackenzie
Centro Acadêmico João Mendes Júnior – Faculdade de Direito do Mackenzie
Centro Acadêmico de Farmácia e Bioquímica da USP
Centro de Estudos Químicos Heinrich Rheinboldt – Instituto de Química da USP
Diretório Central dos Estudantes Livre da USP "Alexandre Vannucchi Leme"
Centro Acadêmico Visconde de Cairu – Faculdade de Economia, Administração e Economia da USP
Diretório Acadêmico de Comunicação e Artes do Mackenzie
Centro Acadêmico de Matemática,Estatística e Computação da USP
Centro Acadêmico de Biologia da USP
Representação Discente da Faculdade de Direito da USP
Centro Acadêmico Antonio Junqueira de Azevedo – Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da USP
Centro Acadêmico 22 de Agosto – Faculdade de Direito da PUC
Centro de Engenharia Elétrica da USP
Centro Acadêmico de Engenharia de Produção da USP
Diretório da União Nacional dos Estudantes de São Paulo
Centro de Engenharia Naval da USP – Escola Politécnica da USP
Centro Acadêmico Isis de Oliveira (CEUPES) – Ciências Sociais da USP
Centro Acadêmico Lupe Cotrim – Escola de Comunicação e Artes da USP
Centro Acadêmico Gestão de Políticas Públicas – Escola de Artes e Ciências Humanas da USP
Centro Acadêmico Oswaldo Cruz – Faculdade de Medicina da USP
Centro Acadêmico de Nutrição e Saúde Pública da USP
Centro Acadêmico Vladimir Herzog – Jornalismo da Cásper Líbero
Centro Acadêmico Rocha Lima – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP
Apoiam:
Ciranda – Associação de Moradoresde Santo Amaro
SAJU Carcerário
PROMI (Direito e Ditadura)
Departamento Jurídico do XI deAgosto
Juventude do PT
Coletivo Juntos!
Oposição de esquerda da UNE
Diretório Municipal do PSOL
Coletivo Contraponto – Faculdade de Direito da USP
Coletivo Canto Geral – Faculdade de Direito da USP
Movimento Resgate Arcadas – Faculdade de Direito da USP
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/