Eterno Brasil x Uruguai
Sim, você não aguenta mais ver a foto acima, do gol de Ghiggia, que calou o Maracanã e mergulhou o Brasil em profunda depressão, ao criar, pela genialidade de Nelson Rodrigues, o famoso complexo de vira-lata.
Eu também não aguento mais, embora tenha chorado muito naquele dia 16 de julho de 1950, não por causa do gol, mas porque tinha fome e queria mamar, aos quatro meses de idade.
Toda vez que Brasil e Uruguai vão jogar o fantasma volta a assombrar, é inevitável, embora não apenas nenhum jogador da Seleção Brasileira pensasse em nascer naquele época: talvez nenhum dos pais dos atuais jogadores da Seleção já tinha nascido então.
O trauma não tem data no horizonte para acabar porque só será enterrado se, um dia, os brasileiros derrotarem os uruguaios em Montevidéu, no Estádio Centenário, numa final de Copa do Mundo, e eles tomarem a virada que nós tomamos em 50.
Mas, faz parte.
Obdulio Varela, o grande capitão negro uruguaio, paira no inconsciente coletivo do Brasil.
Barbosa, o grande goleiro negro brasileiro, mesmo depois de morto como Obdulio, segue sendo o culpado e alimentando teorias racistas, apesar de ter a pele da mesma cor do líder oriental.
Como se os negros uruguaios fossem melhores que os nossos.
É claro que não eram e não são, porque somos todos, negros e brancos, iguais.
Viverá o novo Mineirão o mesmo drama que o viveu o velho Maracanã naquela tarde sombria?
É o que saberemos amanhã, embora o complexo de vira-lata esteja mais que enterrado por cinco Copas do Mundo vencidas pelo Brasil dos negros Mané Garrincha, Pelé, Romário, Rivaldo e Ronaldos.
Comentário para o Jornal da CBN desta terça-feira, 25 de junho de 2013.
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