Haja cerveja em Munique!
Há zeros a zeros e zeros a zeros.
Os primeiros, 99% das vezes, servem também como notas de jogos.
Os segundos são aqueles para torcedor nenhum botar defeito.
Como o entre Bayern e Borussia, em Wembley, com 86 mil torcedores.
Tão bom que o empate sem gols nos primeiros 45 minutos não precisou de um segundo de acréscimo.
Tão bom no impecável gramado londrino que os alemães dividiram o primeiro tempo em dois tempos.
A primeira metade dos amarelos e pretos de Dortmund, que criaram pelo menos quatro claras chances de gol, duas delas evitadas por grandes defesas de Neuer.
A segunda metade foi dos vermelhos de Munique, que criaram outras quatro, quando Weidenfeller
apareceu com defesas ainda mais impressionantes e o holandês Robben candidatou-se a vilão da decisão da Liga dos Campeões da Europa.
Para quem acha que os alemães jogam uma coisa parecida com futebol, novamente os dois finalistas da Liga mostravam que está mais que na hora de mudar certos conceitos.
Tudo bem que em campo tinha jogadores da Polônia, do Brasil, da França, Holanda, Espanha, Áustria, Croácia, República Checa e Bósnia, além de onze germânicos.
O intervalo também foi britânico, com exatos 15 minutos, para alegria do Big Ben.
O segundo tempo começou mostrando o Bayern mellhor e não demorou para abrir o placar, em grande combinação entre o francês Ribéry, Robben e o croata Mandzukic, aos 59.
Mas o brasileiro Dante fez uma lambança dantesca num pênalti pornográfico em Reus e Gundogan empatou em cobrança perfeita, oito minutos depois.
Na arquibancada, Mario Götze, já contratado de maneira anti-ética pelo Bayern, festejou o gol do seu ex-clube.
Os bávaros calaram e os auri-negros mantiveram-se enlouquecidos, mesmo depois que o sérvio Subotic salvou o segundo gol do Bayern, na linha fatal, ao chegar uma fração de décimo de segundo antes de Robben.
O jogo era eletrizante, lá e cá, com os vermelhos mais à vontade e mais perto da vitória, evitada pelo goleiro Weidenfeller.
Mas, aos 88, o deus dos estádios quis fazer justiça ao extraordinário Robben, que fez o gol do título, com raça e competência.
Em homenagem ao futebol, o árbitro deu mais três minutos para o mundo reverenciar o belo espetáculo.
Silêncio, enfim, em Dortmund, festa em Munique.
Nada a contestar.
Bayern Munique, pentacampeão europeu!
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