Grêmio de Luxa não decide de novo
Algo me dizia que o jogo a ser visto à noite era o entre Grêmio e Juventude, em Caxias do Sul, pela semifinal do segundo turno do estadual gaúcho.
E não deu outra.
Porque o Mogi Mirim enfiou 6 a 0 no Botafogo de Ribeirão Preto e disputará a semifinal paulista com o Santos, em Mogi. Foi muito fácil. E o estádio estava mais vazio (5.245 torcedores onde cabem 19.900) que cheio, o que mostra que nem na decisão o torcedor do interior, "que ama o estadual", comparece.
Idem em facilidade, e em pouca gente (4.402 pagantes), para o Botafogo, na Taça Rio, que enfiou 5 a 0 no Resende para chegar à final e ficar a um empate, contra Flu ou Volta Redonda, para ser campeão carioca.
No sul não, no sul foi 1 a 1, num jogo disputadíssimo, com Barcos pondo o Grêmio na frente, mas com o tricolor tomando o empate em seguida, em bola alta, como sempre nos times do grande Luxemburgo, e em cima de André Santos, que quem compra deve saber o que está fazendo, assim como Cris.
A decisão foi aos pênaltis e André Santos bateu o último que daria a vaga ao Grêmio, mas bateu nas nuvens, como fizera na Copa América contra o Paraguai.
O Juventude empatou a série de pênaltis em 4 a 4 e acabou eliminando o Grêmio ao virar para 5 a 4.
O Juventude, lembremos, está na Série D, do Campeonato Brasileiro.
O caríssimo Grêmio do caríssimo Luxa segue sem chegar à disputa de título algum, nem no estadual.
Mas certamente ele dirá que o caminho agora está aberto para a Libertadores, que essas coisas pertencem ao futebol, que seu projeto está só no começo, que o time ainda não está entrosado etc etc e tal.
Quem não o conhece que continue comprando.
Perseguição?
Pois leia a coluna de Paulo Sant'Ana, o mais influente gremista da imprensa gaúcha, na última quarta-feira, no jornal "Zero Hora":
"Ócio no comando"
"Partida sobre partida, o Grêmio joga cada vez pior. No camarote com 16 lugares, 15 estavam vagos, só eu presente para ter autoridade de analisar o jogo contra o São Luiz.
Acontece o seguinte: Alex Telles, ao cobrar as faltas que terão de ser lançadas na área adversária, joga-as todas nas mãos do goleiro, irritando até à raiva quem entende de futebol.
Além disso, o mesmo Alex Telles, que teve até boa atuação, no entanto parece ser vesgo ou caolho: quase todos os passes que dá batem no adversário, desperdiçando a jogada.
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Analisemos agora o Fábio Aurélio: também, quando cobra as faltas que têm de ser endereçadas pelo alto para a área adversária, chuta nas mãos do goleiro ou chuta para a linha de fundo. Isso faz a gente chorar com tanta ruindade.
Temos, então, que os jogadores escalados pelo Luxemburgo para cobrar faltas por elevação para a área adversária não sabem fazê-lo.
A culpa é deles por essa tragédia técnica? Não. A culpa é exclusiva do treinador Luxemburgo.
Cabe ao treinador ensinar os jogadores a cobrar esse tipo de falta. E se os jogadores, nos treinos, incidirem nesse erro, cabe ao treinador escolher outros jogadores que efetuem esse tipo de cobrança.
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Então, eu estou detectando um ócio no Grêmio. Fui perguntar a um setorista do Grêmio e ele me disse que Luxemburgo, nos dias em que não há jogos, nunca treina cobrança de faltas, entre elas esse tipo que tanto tem exasperado quem entende de futebol e a torcida.
Portanto, há ócio de Luxemburgo nos treinamentos. Não há trabalho do treinador, ele parece ter-se deitado nos louros da fama e da fortuna, não trabalha mais nos treinos.
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Quem entende de futebol sabe a importância do detalhe nos treinamentos chefiados pelo treinador. Luxemburgo não se dá mais ao hábito salutar e eficaz de treinar detalhes e fundamentos.
Ou seja, Luxemburgo está entregue ao ócio.
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O grande treinador, assim como o foi Luxemburgo no passado, é o que teoriza e o que põe em prática a teoria nos treinamentos.
Nos dias de hoje, Luxemburgo só teoriza, não trabalha nos treinos. Está meio que aposentado em Porto Alegre. E, neste momento em que o Grêmio decide sua participação na Libertadores e no Gauchão, é urgente que Luxemburgo volte a pôr as mãos à obra e trabalhe intensamente o time nos treinamentos.
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O ócio de Luxemburgo está colaborando para que o time atual do Grêmio esteja afundando jogo sobre jogo.
Luxemburgo declarou anteontem que o seu time está alcançando os resultados desejados, certamente ele se refere a que está classificado para as oitavas de final da Libertadores e semifinal do Gauchão.
Mas só cego não vê que Jesus está chamando o time do Grêmio, vai perder logo em seguida se continuar jogando como está.
Ora, se Barcos, Kléber e Vargas não vêm jogando bem e se sabe que são ótimos jogadores, então qualquer criança sabe que o que está mal é o coletivo e não as individualidades.
E, para quem diz que o time vai mal porque Elano está lesionado, esquecem-se que o time vinha mal já ao tempo em que Elano jogava.
E se este time tragicamente desorganizado não jogou bem contra o São Luiz, mas tinha em campo o grande Zé Roberto, então é porque são a mecânica e a dinâmica do time que estão mal.
E o único responsável pela mecânica e dinâmica do time é o Luxemburgo.
Sinto muito ter de escrever assim. Mas escrevo enquanto há tempo".
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/