Galo frio, PM quente
Sobre a polêmica a respeito do comportamento da Polícia Militar mineira no estádio Independência na última quarta-feira:
1. Se a PM tivesse o mesmo profissionalismo e consciência demonstrados pelo time do Atlético, que não se deixou levar pelas provocações descabidas de alguns jogadores do Arsenal, nada teria acontecido;
2. Bastaria ter cercado o trio de arbitragem, que errou ao dar o pênalti para o time brasileiro, como errou ao não expulsar uns três jogadores violentos do Arsenal, mas que pouca influência teve no 10 a 4 que o Galo enfiou no time de Sarandi;
3. Nada justifica que se aponte uma arma para atletas desarmados, de calção, camisa e chuteiras;
4. As PMs, pelo país afora, ainda têm o DNA da ditadura, quando eram usadas para reprimir manifestações populares, fossem estudantis, fossem de trabalhadores;
5. Soldado não dá pontapé em agressor, o imobiliza e prende;
6. Nada justifica gente armada ou com cachorros, como já foi comum, dentro de campo;
7. Cidadãos de verdade, atletas ou não, não aceitam desaforo de "otoridades" e fazem muito bem, porque são os que pagam o salário delas;
8. Não faz o menor sentido estimular a rivalidade odiosa entre argentinos e brasileiros;
9. Erram os que, no Brasil, se limitam a culpar os jogadores do Arsenal;
10. Erram os que, na Argentina, se limitam a culpar a PM;
11. O Botafogo, que é do Rio, não de Buenos Aires, sentiu na carne atitudes parecidas por parte da PM pernambucana no estádio dos Aflitos, cinco anos atrás;
12. Ao contrário, a PM paulista foi exemplar ao evitar uma catástrofe no gramado do Pacaembu quando o River Plate eliminou o Corinthians na Libertadores de 2006, mas passou da conta ao reprimir os torcedores que procuravam sair do estádio;
É preciso reeducar as PMs, como servidoras do público e não para se servirem no público.
A ditadura, felizmente, acabou.
E a Libertadores segue sendo um torneio chinfrin, aqui e em toda América do Sul.
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/