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Blog do Juca Kfouri

Ex-marido de Dilma Rousseff denuncia Fleury, o torturador elogiado por Marin

Juca Kfouri

19/03/2013 06h55

Em depoimento durante audiência pública da Comissão Nacional da Verdade, ontem, em Porto Alegre, o ex-deputado estadual pelo PDT gaúcho Carlos Araújo, ex-marido de Dilma Rousseff, pai de sua filha e avô de sua neta, lembrou que foi preso e torturado pela "equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury" que, à época, chefiava a Delegacia de Ordem Polícia e Social , o DOPS.

Depois disso, ficou "muito tempo" hospitalizado em função das sequelas e em seguida foi novamente torturado.

Sérgio Paranhos Fleury é o delegado que mereceu os seguintes elogios do então deputado José Maria Marin, em 1976, na Assembleia Legislativa de São Paulo:

"Conhecendo de perto seu caráter, sua vocação de servir, podemos afiançar, sem dúvida alguma, que Sergio Fleury ama sua profissão; que Sergio Fleury a ela se dedica com o maior carinho, sem medir esforços ou sacrifícios, para honrar não só a polícia de São Paulo, mas acima de tudo, seu título de delegado de polícia".

Marin é o presidente do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo no Brasil e, se nada mudar, estará ao lado da presidenta Dilma Rousseff na abertura do megaevento, em São Paulo, no ano qu e vem.

A petição, AQUI, organizada por Ivo Herzog, filho de Vladimir Herzog, contra quem Marin pediu providências em discurso duas semanas antes da prisão e morte do jornalista, já conta com quase 45 mil assinaturas, faltando 5 mil para atingir a meta proposta pelo abaixo- assinado.

Comentário para o Jornal da CBN desta terça-feira, 19 de março de 2013.

CHICO ALENCAR (PSOL-RJ. Como Líder.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, servidores, todos que acompanham esta sessão nesta segunda-feira, 18 de março:

Quero trazer aqui, a esta tribuna, a posição não apenas minha, mas do Partido Socialismo e Liberdade, o PSOL, se somando ao Deputado Romário em relação às posições quanto à postura pretérita, mas que fazem parte da sua vida pública, do atual Presidente da Confederação Brasileira de Futebol, José Maria Marin.

Ele foi um cúmplice da ditadura e dos horrores que ela perpetrou, inclusive homenageando, quando Parlamentar, o indigitado Delegado Sérgio Paranhos Fleury, notório pela crueldade com que tratava os seus adversários e aqueles a quem perseguia.
A família de Vladimir Herzog também se manifestou recentemente, entendendo, nessa figura do Sr. Marin, alguém que, de várias maneiras, se somou àqueles que perpetraram barbaridades e que levaram até ao assassinato do grande jornalista Vladimir Herzog. Portanto, não só por procedimentos mais recentes como também por esse histórico, a nossa posição é claramente de contestação, inclusive da presidência dessa que é uma entidade importante para o futebol brasileiro.

As pessoas têm que ter história de vida, de dignidade, de nitidez, de honradez e de espírito democrático, o que não é o caso do Sr. Marín.

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/