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Blog do Juca Kfouri

Sua majestade, o torcedor, tratado feito gado

Juca Kfouri

05/02/2013 06h55

Nos últimos dias o Brasil inaugurou três novos estádios: o do Grêmio, o Castelão e o Mineirão, os dois últimos destinados a receber a Copa das Confederações, em junho, e a Copa do Mundo, no ano que vem.

No do Grêmio, a tradicional avalanche de seus torcedores derrubou a grade e feriu sete pessoas, milagrosamente sem gravidade.

No Castelão, chegar e sair do estádio foi uma tortura.

No Mineirão também, mas, em Belo Horizonte, esse foi o menor dos dramas.

Porque faltou comida, faltou papel higiênico, faltou até água nos bebedouros e nos bares, além de ter sido uma odisséia o simples ato de comprar um ingresso.

E se faltou água para beber, se os bebedouros estavam secos, imagine os hidrantes.

Em bom português: tragédias como a da boate em Santa Maria têm o mesmo DNA: a irresponsabilidade das autoridades que liberam locais públicos sem condições de receber as pessoas para dançar ou ver um jogo de futebol, o cidadão tratado como gado por mais que haja o Código de Proteção ao Consumidor e o Estatuto do Torcedor.

Razão pela qual merece aplauso a juiza de Direito Cintia Werlang, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que, por falta de segurança no estádio Renato Silveira, proibiu que se realizasse o jogo pelo campeonato estadual entre Guarani de Palhoça e Avaí marcado para o último domingo, atendendo pedido do Ministério Público catarinense.

Em sua liminar a juiza argumentou coberta de razão: "Basta lembrar que na boate Kiss, no município de Santa Maria , muitas festas ocorreram sem nenhum percalço, até que, por irresponsabilidade que poderia ser evitada, mais de 200 pessoas perderam a vida".

Você imagina como estão se sentindo os 60 mil torcedores que foram ao Mineirão imaginando a festa?

Comentário para o Jornal da CBN desta terça-feira, 5 de fevereiro de 2013.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/