O público e o privado no estádio corintiano
O governo Geraldo Alckmin anunciou que a Ambev arcará com os R$ 35 milhões necessários para a arquibancada móvel exigida para os jogos da Copa do Mundo na arena em Itaquera.
Assim, como prometera, não porá dinheiro público no estádio do Corinthians, festejou.
Só que há fortes indícios de que não é bem assim, embora nenhum dos lados, naturalmente, confirme.
A Ambev, que só neste ano fiscal deverá recolher aos cofres públicos algo em torno de R$ 1 bilhão, descontaria desta quantia o valor investido no estádio.
O que, em última análise, como renúncia fiscal ou, talvez, encontro de contas, não deixa de ser dinheiro público.
Alckmin, de fato, sempre garantiu que o Corinthians não ficaria desassistido.
O que era entendido, principalmente nas campanhas eleitorais, como demonstração de que, no limite, investiria no estádio.
Será mesmo muito bom que tenha achado um parceiro, mas, em nome da transparência, melhor ainda será mostrar os termos desse acordo.
Quem se habilita a fazê-lo?
ATUALIZAÇÃO ÀS 20H: Tanto os executivos da Ambev quanto o governo paulista seguem afirmando que não há nem haverá dinheiro público nas arquibancadas do estádio.
A Ambev justifica o investimento não como ajuda ao Corinthians, mas como uma ação de marketing no estádio que receberá a Copa do Mundo em São Paulo.
E o governo mandou ao blog a nota transcrita abaixo:
ARQUIBANCADAS DA ARENA SÃO PAULO NÃO TEM RECURSO PÚBLICO
O texto publicado em seu blog nesta quinta-feira (06.11) sob o título "O público e o privado no estádio corintiano" comete equívoco ao sugerir que haveria indícios de repasse indireto de recursos públicos na parceria do Governo do Estado de São Paulo com a Ambev para a construção das arquibancadas móveis na Arena de São Paulo, em Itaquera, na zona leste da capital. O Governo do Estado de São Paulo reitera, como já foi dito à exaustão, que não há nenhum recurso público, não há qualquer benefício, de qualquer natureza, tanto para a Ambev, quanto para outras empresas que possam aderir a este processo para viabilização das arquibancadas. Não há qualquer tipo de renúncia fiscal, até porque não existe amparo legal para isso. O Corinthians não está sendo beneficiado, mas, sim, a população de São Paulo que terá a oportunidade de acompanhar uma abertura da Copa à altura do povo paulista.
O blog agradece os esclarecimentos, embora mantenha, após voltar a consultar as fontes que justificaram a publicação da nota, a dúvida quanto ao procedimento.
E acrescenta, como informação, que haveria "movimentações" na secretaria da Fazenda, no sentido de tornar possíveis parcerias como a aludida na nota, coisa que o tempo se encarregará, ou não, de confirmar.
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/