Topo

Blog do Juca Kfouri

Agora, falando sério: o Datafolha esclarece sua pesquisa sobre tamanho de torcidas

Juca Kfouri

18/12/2012 17h41

POR MAURO PAULINO, diretor do Datafolha

Quanto aos questionamentos acerca da última pesquisa Datafolha sobre tamanhos das torcidas cabem alguns esclarecimentos:

1. qualquer pesquisa baseada em método científico de amostragem contém limites estatísticos definidos, entre outros conceitos, pela margem de erro. Por definição, pesquisas de opinião são imprecisas e revelam números aproximados das proporções reais encontradas na sociedade.

2. justamente por serem apenas aproximações, os números divulgados pelo Datafolha são arredondados, a exemplo do que faz a maior parte das empresas de pesquisas em outros países. Entendemos que a divulgação de números com casas decimais passaria a falsa impressão de precisão que o método estatístico não proporciona.

3. a atual pesquisa tem margem de erro máxima de dois pontos percentuais. O que isto significa? Que para os percentuais na casa dos 50% a margem de erro fica mais próxima da máxima. Nos extremos, quanto mais próximo de 100% ou de 1%, a margem diminui para 0,4%.

4. apenas para ilustração, a tabela abaixo contém os percentuais apurados pela pesquisa com duas casas decimais. Por tratar-se de um processo amostral, não censitário, e pelos motivos expostos acima o Datafolha opta pelo arredondamento. Portanto, o Fluminense que alcança 1,46% e a Portuguesa que tem 0,51% ficam com 1% na aproximação realizada automaticamente pelo software estatístico. Da mesma forma o Flamengo com 16,27% e o Corinthians com 15,56% empatam tecnicamente em 16%.

5. considero que o tema alcança relevância econômica e social suficiente para que o IBGE inclua no próximo censo uma pergunta sobre torcidas, o que poderia dirimir todas as dúvidas e detalhar a real distribuição das torcidas por município, como ocorre com religião. Enquanto isso não acontece a contribuição dos institutos, mesmo que limitada pelo método, é fundamental para que se tenha uma ideia aproximada – porém desapaixonada – das proporções das torcidas no Brasil. E é dessa forma que os números devem ser analisados e entendidos.

 

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/