Libertadores cada vez mais monstruosa
Desde que deixou de reunir apenas os times campeões nacionais e, vá lá, os vice-campeões, a Libertadores, a exemplo do que aconteceu em certa medida também com a Liga dos Campeões da Europa, inchou a tal ponto que virou um monstro.
Repleta de times sem o menor significado.
E ainda recheada por distâncias sem sentido com a introdução dos mexicanos, além das altitudes pornográficas e falta de segurança, coisa para a qual o Brasil também colabora.
Desde que o Corinthians ganhou a taça se esperava alguma reação, porque prometida, no sentido de torná-la mais civilizada sem que alguém pudesse argumentar que o choro alvinegro era o de perdedor.
Mas ficou na promessa.
E eis que temos aí uma nova Libertadores pela frente nada atraente, pelo menos até as oitavas de final.
Porque submeter o tricampeão São Paulo, na volta das férias, a ir jogar em La Paz, a 3.600 metros de altitude, é um absurdo, minimizado apenas por poder fazer o resultado no primeiro jogo, no Morumbi.
O ideal seria mandar o time B ir cedo para a Bolívia se aclimatar na altitude.
O Grêmio corre risco, não só pela tradição da LDU de Quito, como pela altitude da cidade, 2.800 metros, e pelo mau histórico neste ano sempre que o tricolor gaúcho jogou para decidir.
De resto, nenhum dos brasileiros que entram na fase de grupos parece correr maiores riscos, apenas o Palmeiras mais que os demais por motivos óbvios.
O Fluminense caiu no grupo mais fácil e deve aproveitá-lo para ganhar todos os jogos e garantir o primeiro lugar nas fases de mata-mata.
O Flu parece ser o único dos brasileiros candidatos a ficar invicto na primeira fase, embora deva ter Grêmio ou a asa negra LDU pela frente.
O Galo terá a altitude para pegar o fraco Strongest, em La Paz, e um argentino, sempre indigesto, mas superável, por ser só o Arsenal.
E o campeão Corinthians pegará o mexicano Tijuana, campeão do Apertura local neste ano, numa longa viagem de 10 mil quilômetros, para uma cidade ao nível do mar; o San José boliviano, em Oruro, a nada menos que 3.700 metros de altitude, e o Millonários, também na altitude, mas de Bogotá, mil metros mais abaixo. Um porre!
Prepare-se pois, torcedor dos seis brasileiros, ao espetáculo dos escudos policiais tentando garantir a cobrança de um simples escanteio, dos jogadores em tubos de oxigênio e esfalfados por viagens à América do Norte, cujos times, se vencerem o torneio, não participarão do Mundial da Fifa.
Porque estão na Libertadores apenas para agradar a Fox e seu mercado de língua espanhola nos Estados Unidos e, é claro, no México, o que aumenta a premiação, mas diminui ainda mais o nível técnico, menos pelo futebol jogado pelos mexicanos, mais pelo esforço para jogar lá e eles cá.
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