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Blog do Juca Kfouri

Libertadores cada vez mais monstruosa

Juca Kfouri

21/12/2012 15h12

Desde que deixou de reunir apenas os times campeões nacionais e, vá lá, os vice-campeões, a Libertadores, a exemplo do que aconteceu em certa medida também com a Liga dos Campeões da Europa, inchou a tal ponto que virou um monstro.

Repleta de times sem o menor significado.

E ainda recheada por distâncias sem sentido com a introdução dos mexicanos, além das altitudes pornográficas e falta de segurança, coisa para a qual o Brasil também colabora.

Desde que o Corinthians ganhou a taça se esperava alguma reação, porque prometida, no sentido de torná-la mais civilizada sem que alguém pudesse argumentar que o choro alvinegro era o de perdedor.

Mas ficou na promessa.

E eis que temos aí uma nova Libertadores pela frente nada atraente, pelo menos até as oitavas de final.

Porque submeter o tricampeão São Paulo, na volta das férias, a ir jogar em La Paz, a 3.600 metros de altitude, é um absurdo, minimizado apenas por poder fazer o resultado no primeiro jogo, no Morumbi.

O ideal seria mandar o time B ir cedo para a Bolívia se aclimatar na altitude.

O Grêmio corre risco, não só pela tradição da LDU de Quito, como pela altitude da cidade, 2.800 metros,  e pelo mau histórico neste ano sempre que o tricolor gaúcho jogou para decidir.

De resto, nenhum dos brasileiros que entram na fase de grupos parece correr maiores riscos, apenas  o Palmeiras mais que os demais por motivos óbvios.

O Fluminense caiu no grupo mais fácil e deve aproveitá-lo para ganhar todos os jogos e garantir o primeiro lugar nas fases de mata-mata.

O Flu parece ser o único dos brasileiros candidatos a ficar invicto na primeira fase, embora deva ter Grêmio ou a asa negra LDU pela frente.

O Galo terá a altitude para pegar o fraco Strongest, em La Paz,  e um argentino, sempre indigesto, mas superável, por ser só o Arsenal.

E o campeão Corinthians pegará o mexicano Tijuana, campeão do Apertura local neste ano, numa longa viagem de 10 mil quilômetros, para uma cidade ao nível do mar;  o San José boliviano, em Oruro, a nada menos que 3.700 metros de altitude, e o Millonários, também na altitude, mas de Bogotá, mil metros mais abaixo. Um porre!

Prepare-se pois, torcedor dos seis brasileiros, ao espetáculo dos escudos policiais tentando garantir a cobrança de um simples escanteio, dos jogadores em tubos de oxigênio e esfalfados por viagens à América do Norte, cujos times, se vencerem o torneio, não participarão do Mundial da Fifa.

Porque estão na Libertadores apenas para agradar a Fox e seu mercado de língua espanhola nos Estados Unidos e, é claro, no México, o que aumenta a premiação, mas diminui ainda mais o nível técnico, menos pelo futebol jogado pelos mexicanos, mais pelo esforço para jogar lá e eles cá.

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/