Topo

Blog do Juca Kfouri

Palma de lata

Juca Kfouri

08/11/2012 08h24

 

JUCA KFOURI

Palma de lata

A crise palmeirense vem da década de 1970, interrompida por uma parceria eficaz e nebulosa

CAMPEÃO DO SÉCULO 20, como gostam de dizer os palmeirenses, depois de duas Academias históricas, o Palestra mergulhou num sono profundo e jejuou até no Campeonato Estadual entre 1976 e 1993, além de ter passado 20 anos sem um título do Campeonato Brasileiro, entre 1973 e 1993.

No começo e até o fim da década dos 90 tudo mudou, com o acordo de cogestão com a Parmalat, saudado, corretamente, como uma revolução -o profissionalismo na administração do futebol.

E como deu certo! O Palmeiras voltou a mandar no futebol e culminou vencendo sua primeira, e única, Taça Libertadores, em 1999.

Bastou a Parmalat ir embora para tudo ruir, a ponto de o Palmeiras conhecer a segunda divisão nacional já em 2003. Aqui, um parêntese: soube-se, depois, que o dinheiro da multinacional italiana era tão sujo como o da MSI, da máfia russa, que assolou o Corinthians, embora também lhe tenha trazido o título brasileiro de 2005.

Do mesmo modo que se pode afirmar que Kia Joorabchian não tinha nada de genial e era apenas um trem pagador, pode-se dizer o mesmo dos que foram elevados ao patamar de mágicos do marketing e da gestão esportivos no período da cogestão alviverde, porque dinheiro sujo equivale a doping financeiro e qualquer gângster se dá bem desse jeito.

Se entrou para a história das mazelas do futebol o célebre pênalti não marcado de Fábio Costa em Tinga, que culminou por absurdo na expulsão do colorado e, praticamente, na conquista corintiana do título brasileiro de 2005, não foi menos escandalosa a não expulsão de Edmundo na criminosa entrada em Paulo Sérgio na decisão estadual de 1993, a que tirou o Palmeiras da fila e criou a expressão Esquema Parmalat.

Se o Corinthians foi outro que conheceu a humilhação da segunda divisão tão logo os russos tiveram que fugir do Brasil, é verdade que no Parque São Jorge as coisas evoluíram -não sem uma portentosa ajuda de Lula. Mas no Palmeiras nem Serra deu jeito, e seus cartolas ppermanecem no século passado.

DIA DO NADA

No julgamento hoje no STJD, nenhum dos doutos auditores deverá apoiar a anulação do jogo da mão de Barcos, sob pena de desacreditar a palavra do quarto árbitro. Por mais que saibamos que houve ajuda externa. Que, como será negada, não significará precedente algum, apenas manterá o que vem sendo feito às escuras, como revelou Marcelo Damato, do diário "Lance!". Esquemas secretos, aliás, convivem na própria organização do STJD, braço da maçonaria no Rio. Até o dia em que dona Fifa se render ao óbvio para tudo ficar mais transparente e inteligente. Menos mal que, no julgamento do Galo, a Constituição de 1988 não tenha sido revogada e a liberdade de expressão mantida pelos eminentes auditores…

Publicado na "Folha de S.Paulo de hoje.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/