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Blog do Juca Kfouri

Nível de transparência das informações públicas nas cidades-sede da Copa 2014 é muito baixo

Juca Kfouri

12/11/2012 13h04

 Apenas as prefeituras de Belo Horizonte e Porto Alegre atingem nível de transparência médio nos Indicadores de Transparência Municipal elaborado pelo Instituto Ethos

Os Indicadores de Transparência Municipal, que o Instituto Ethos lançou na última sexta-feira, são uma ferramenta para medir a disponibilidade dos dados públicos e o funcionamentodos canais de participação da população em relação aos investimentos dos governos municipaise do governo do Distrito Federal necessários para a realização da Copa do Mundo FIFA de 2014. 

Os Indicadores podem ser encontrados na páginawww.jogoslimpos.org.br/transparencia.

apuração dos Indicadores de Transparência Municipal mostra que o quadro geral é ruim.

Dez das doze cidades-sede fizeram menos de 19 pontos numa escala que varia de 0 a 100, sendo sua transparência classificada como "Muito Baixa"

Somente duas prefeituras foram avaliadas com nível "Médio" nos Índices, mesmo assim não passaram dos 50% dos pontos: Belo Horizonte e Porto Alegre fizeram, respectivamente, 48,44 e 48,87 pontos.

Índice de Transparência das cidades-sede da Copa

Cidade-sede

Índice final

Nível de Transparência

Belo Horizonte

48,44

Média

Brasília

14,29

Muito baixa

Cuiabá

10,17

Muito baixa

Curitiba

15,24

Muito baixa

Fortaleza

13,94

Muito baixa

Manaus

13,01

Muito baixa

Natal

15,36

Muito baixa

Porto Alegre

48,87

Média

Recife

14,01

Muito baixa

Rio de Janeiro

14,98

Muito baixa

Salvador

14,46

Muito baixa

São Paulo

18,36

Muito baixa

 

Para o vice-presidente do Instituto Ethos, Paulo Itacarambi, os "Indicadores mostram de maneira muito prática como está a transparência das prefeituras". 

E, acrescentou, que as perguntas feitas nos indicadores podem servir "como um roteiro para desenvolver boas práticas na gestão pública"

A nota dos Índices é composta por 90 perguntas quavaliam o nível de transparência em duas dimensões: Informação Participação. 

Na primeira parte, são avaliados tanto conteúdo relevante disponibilizado ao cidadão como a qualidade dos canais de comunicação usados paradifundir essas informações, tais como os portais de internet, telefones e as salas de transparência.

No quesito Participação, são analisados a realização de audiências públicas e o funcionamento das ouvidorias.

Prefeitos eleitos se comprometeram com os Indicadores Municipais de Transparência


Os Indicadores de Transparência Municipal fazem parte das estratégias do projeto Jogos Limpos Dentro e Fora dos Estádios, uma iniciativa do Instituto Ethos, para promoção daintegridade nas relações público-privadas, da transparência dos investimentos públicos e do controle social. 

Durante as eleições no último mês de outubroos candidatos a prefeito foram convidados assinar Pacto Municipal pela Transparência, que incluía o comprometimento com o aumento dos índices de suas cidades nos Indicadores de Transparência Municipal.

Todas as candidaturas eleitas são signatárias do Pacto. "Agora vamos cobrar esse compromisso e esperar que essa situação melhore", declarou Paulo Itacarambi.

Cidade de Referência


"Se uma cidade reunisse os melhores pontos de cada uma das outras cidades, qual seria a sua avaliação?

Para isso criamos essa Cidade de Referência", explicou Itacarambi.

Essa cidade fictícia teria a nota 75,02 no Índice de Transparência Municipal, e seria classificada com um Alto nível de transparência.

"Essa simulação mostra que é possível melhorar a situação nas cidades", afirmou Itacarambi.

Destaques dos Resultados:


Belo Horizonte: A cidade com a segunda melhor pontuação no índice apresenta suas informações em um único portal, além de contar com uma das ouvidorias mais estruturadasentre as cidades pesquisadas: recebendo pedidos específicos sobre transparência seja presencialmente, por telefone ou internet, além de fornecer protocolo e definindo tempo para resposta aos pedidos.

Porto AlegreA capital gaúcha tem o portal de internet com melhor avaliação, garantindo acesso a maior quantidade de documentos diferentesPorto alegre é uma das duas cidadespesquisadas, junto com Natal, que possui uma sala de transparência, prevista na Lei de Acesso àInformação. Porém, não tem uma ouvidoria geral do município e não divulgou a realização deaudiências públicas para as obras relacionadas com a realização da Copa do Mundo.

ManausFoi a única cidade que disponibilizou todos os documentos relativos à audiência pública sobre o projeto da Copa de responsabilidade da Prefeitura. Porém, seu desempenho nasquestões avaliadano campo Informação foi ruim.

Dados disponíveis nos sites de esfera nacionalA maior parte das informações sobre os investimentos públicos para a Copa do Mundo é disponibilizada em portais de abrangência nacional, como os organizados pelo Senado e o Tribunal de Contas da União ou da ControladoriaGeral da União. Algumas prefeituras, como Cuiabá e Fortaleza, não possuem sequer uma página específica para divulgar as ações para a Copa do Mundo.

Processo de elaboração e coleta de dados
A elaboração dos Indicadores foi um processo participativo que durou quase um ano. Foram realizadas reuniões com especialistas e uma consulta pública sobre os parâmetros metodológicos. Destaca-se ainda a participação das dezenas de organizações da sociedade civil, empresas, sindicatos e associações de classe que integram os comitês do projeto Jogos Limpos,opinando da elaboração até a aplicação dos indicadores.

Mais de 80% das perguntas dos indicadores estão relacionadas ao cumprimento de três leis em vigor: Lei Nº 12.527, de novembro de 2011, chamada de Lei de Acesso à Informação Pública; Lei Complementar Nº 101 de maio de 2000, que complementa a Lei de Responsabilidade Fiscal; e a Lei Nº 8.666 de junho de 1993, a Lei de Licitações Públicas.

As prefeituras e o Governo do Distrito Federal também foram informados previamente tanto sobre o conteúdo dos indicadores como de sua aplicação. Nesse processo, algumas prefeituras já iniciaram mudanças em seus portais na internet, o que demonstra função dos indicadores como uma referência para os gestores públicos.

O processo também foi apresentado e debatido com os gestores municipais e estaduais da Copa do Mundo que participam da Câmara de Transparência, criada pelo governo federal para debater o tema.

A coleta dos dados para os indicadores durou de maio novembro. O início dessa etapa é marcado pelo protocolo de ofícios em todas as cidades-sede com pedidos de informaçãopública. Registra-se que quatro sedes não responderam aos ofícios enviados em claro desrespeito a legislação vigente. Foram elas: Brasília, Cuiabá, Fortaleza e Natal.

 

Índice de Transparência Municipal detalhado por categoria

Cidade-sede

Nota Geral

Informação

Conteúdo

Internet

Sala de Transparência

Telefone

Participação

Audiência Pública

Ouvidoria

Belo Horizonte

48,44

49,13

46,94

61,32

0

75

42,23

6,67

77,78

Brasília

14,29

12,18

5,88

36

0

0

33,33

0

66,67

Cuiabá

10,17

7,59

5,88

14

0

0

33,33

0

66,67

Curitiba

15,24

16,93

8,33

47,37

0

25

0

0

0

Fortaleza

13,94

12,83

5,88

40

0

0

23,89

3,33

44,44

Manaus

13,01

7,67

6

14

0

0

61,11

100

22,22

Natal

15,36

14,41

5,88

28,98

60

0

23,89

3,33

44,44

Porto Alegre

48,87

54,29

45,83

57,96

80

75

0

0

0

Recife

14,01

15,38

10

33,81

0

0

1,67

3,33

0

Rio de Janeiro

14,98

13,56

12,06

20

0

25

27,78

0

55,56

Salvador

14,46

12,98

5,88

37,32

0

50

27,78

0

55,56

São Paulo

18,36

16,08

5,88

62,79

0

0

38,89

0

77,78

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/