Galo abre o Brasileirão num jogo enlouquecedor
O árbitro baiano Jaílson Macedo Freitas é um homem corajoso.
Aos 20 minutos de jogo, no estádio Independência apinhado até o tampo (21.096 pagantes) e com a torcida do Galo protestando contra a arbitragem ampla, geral e irrestrita, Ronaldinho Galucho fez 1 a 0 em cobrança perfeita de falta e o apitador anulou, porque Leonardo Silva se atirou sobre a barreira.
Exatamente como o Fluminense fizera contra o Vasco e o gol valeu.
Para quem não acha que esteja tudo dominado, dá para justificar a interpretação do árbitro, apesar de a bola ter entrado por cima da barreira e não no buraco aberto pelo atleticano.
Eu não marcaria, mas entendo a marcação e sublinho a coragem do mau árbitro, que depois não deu um claro escanteio para o Atlético, embora, muito antes, tenha deixado passar uma clara recuada de bola para Victor também sem assinalar a falta para o Fluminense.
Que foi simplesmente massacrado pelo Galo, como poucas vezes se viu num jogo entre dois times parelhos.
Basta dizer que Diego Cavalieri fez quatro defesas milagrosas e ainda viu duas bolas irem contra suas traves, com Bernard e Jô.
Gum ainda salvou um gol na linha da pequena área e, em resumo, o Galo teve nada menos que oito, repita-se, oito chances de gol contra nenhuma do tricolor.
O único contra-ataque perigoso do Flu aconteceu em lance que Wellington Nem estava em impedimento, não observado pela arbitragem.
E o único chute na direção do gol mineiro, mas bem por cima, foi no último segundo do primeiro tempo, quando Thiago Neves cobrou falta perigosa.
Sim, se estivesse 4 a 0 não seria nada demais.
E, contra o Flu, que não perde gols, é aí que mora o perigo.
O segundo tempo seguiu no mesmo diapasão até o 10o. minuto.
Então, o Flu encaixou seu segundo contra-ataque no jogo, Fred deu com precisão para Wellington Nem e o baixinho não perdoou: 1 a 0.
Era justo?
Não, era uma clamorosa injustiça!
Mas, e o futebol é um jogo justo?
Não, sabe-se que não.
Mas, se olharmos a campanha do Flu neste Brasileirão, qual a surpresa?
Além do mais, Diego Cavalieri é pago para defender e bola na trave não altera o placar, como se viu, pela terceira vez, aos 15 minutos, num tirambaço de Leandro Donizete.
Um espanto!!!
Neto Berola entrou no lugar de Guilherme.
Aos 23, enfim, o que parecia impossível aconteceu.
Em mais uma jogada de Ronaldinho que jogava demais, Jô recebeu dentro da área e soltou uma bomba para empatar 1 a 1.
Ainda estava longe de ser justo, mas era o mínimo.
Metade das Minas Gerais pulsava em preto e branco.
Wagner e Rafael Sóbis substituíram Deco e Thiago Neves, aos 30, mas o Galo seguia melhor, com domínio do jogo, embora sem massacrar como fizera no primeiro tempo.
E, aos 36, JUSTIÇA!
Bernard fez ótima jogada, iniciada por Ronaldinho, pela esquerda e levantou para a cabeçada certeira de Jô, no contrapé de Cavalieri: 2 a 1.
Ainda não espelhava o jogo, mas eram os três pontos que diminuíam a diferença para seis e abria o Brasileirão.
Até as montanhas vibravam, ou metade delas, com o Independência enlouquecido cantando o hino atleticano em altos brados.
Uma emoção contagiante.
Aos 39, Edinho saiu e Samuel entrou.
Então, então, então…
Aos 40, o Flu, perdido por um, perdido por mil, foi à frente finalmente, Carlinhos cruzou da esquerda, a bola passou entre as pernas de Leonardo Silva, e quem apareceu?
Ele, Fred, para fazer seu 16o. gol no campeonato, isolar-se na artilharia e marcar seu centésimo gol com a camisa tricolor.
Dizer que não era justo?
Não, não era mesmo, mas…
…mas como o que é do Galo o homem não come, Ronaldinho Galucho deu um passe de gênio para Leonardo Silva fazer o gol que fazia justiça a quem mereceu vencer e por muito mais que os 3 a 2 mais sensacionais do Brasileirão de 2012.
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