Fanáticos do apito
Não é verdade que o Brasileirão 2012 esteja sendo decidido pelos erros de arbitragem
NÃO BASTASSE a violência física promovida pelos ditos torcedores organizados, cresce a intolerância de quem perde e que jamais aceita os méritos do vencedor.
Estimulados pelo chororô de treinadores em busca de desculpas, e desvio de foco, e por certos comunicadores que fazem tipo, despreocupados com as consequências, fanáticos atribuem tudo ao apito.
Trata-se de gente que padece de complexo de perseguição, com problemas oculares, ignorância, falta de educação e da síndrome da teoria da conspiração.
Para essa gente, que ultrapassa o emocionalismo e chega às raias da irracionalidade animal, o campeão sempre ganha roubado e o time dela nunca é beneficiado.
Atribuir a liderança do Fluminense aos erros de arbitragem que o beneficiaram, soa só como choro de mau perdedor, incapaz de perceber o papel ridículo que faz.
Sim, é verdade que os nove pontos que separam o tricolor do Galo podem ser atribuídos, secamente, aos erros a favor do Flu nos jogos contra Botafogo, Náutico, Bahia e Ponte Preta.
Porque os árbitros são ruins, despreparados, não profissionais, dependentes de uma estrutura falida que não goza da imprescindível independência da CBF, e erram.
Erram muito, erram acima da conta, são covardemente comparados ao olhar eletrônico da TV, não têm a mesma arma para ajudá-los a decidir e são pressionados pela cafajestagem dos jogadores nos gramados, dos técnicos nos bancos e dos cartolas nos camarotes.
Ou o Galo também não foi beneficiado?
Estivesse o Atlético Mineiro em primeiro lugar e seria ele o alvo das mesmas bobagens, como têm sido todos os campeões.
É claro que depois dos casos Ivens Mendes, Armando Marques e Edílson Pereira de Carvalho, no espaço de apenas oito anos, entre 1997 e 2005, há motivos de sobra para desconfianças.
Mas não para exageros.
Ou o árbitro polonês que inventou um pênalti para a seleção brasileira no belo jogo contra o Japão estava comprado?
E o alemão que anulou um gol legal da França contra a Espanha, no surpreendente empate em Madrid pelas eliminatórias da Copa do Mundo?
Assim como o português que validou dois gols irregulares do mais surpreendente e fabuloso empate Alemanha 4 x 4 Suecia?
Erros há pelo mundo afora.
Vamos devagar com o andor, sob pena de passarmos atestado de idiotas a todos que acompanham o futebol e que, assim, acabam por depor contra si mesmos, se é verdade que acreditam que esteja tudo combinado, tudo dominado.
O Fluminense tem sido o time mais regular e mais eficaz do Brasileirão. Ponto.
O resto ou é demagogia de canastrões sem credibilidade ou paixão excessiva que se transforma em burrice e falta de espírito esportivo.
Isso tudo dito por quem não se cansa de denunciar, seriamente, a podridão dos bastidores do futebol.
Uma coisa é a irritação com a falta de critérios da arbitragem nacional, que dá pênalti em bola na mão para um e deixa de dar em lance idêntico para outro.
Outra é imaginar que seja tudo roubalheira.
Em tempo: o que não exclui que se possa brincar com o assunto.
Porque uma coisa é o humor dos chargistas, outra o fanatismo dos ignorantes.
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/