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Blog do Juca Kfouri

Um passeio em Newcastle

Juca Kfouri

01/08/2012 12h20

Os meninos de Mano Menezes treinavam coletiva e agradavelmente, embora levassem umas trombadas por pura falta de jeito dos neozelandeses, quando, aos 22 minutos, Lucas, com muita vontade de ganhar a posição, iniciou um jogada pela direita, não foi fominha e possibilitou que Leandro Damião enfiasse para Danilo abrir o marcador.

Estava na hora mesmo já garantia o primeiro lugar para o Brasil em seu grupo e a permanência em Newcastle para jogar no sábado, às 13h de Brasília, contra Japâo ou Honduras, que jogam logo mais para decidir.

Curioso lembrar que o Japão ganhou do Brasil na Olimpíada de 1996 e Honduras na Copa América de 2001.

Aí, começou, digamos, o treino recreativo.

Marcelo deu, aos 28, um passe de cinema, e de calcanhar, para Alex Sandro, outro que entrou comendo grama, que foi ao fundo e cruzou para Leandro Damião ampliar.

O sóbrio St.James'Park, com seus mais de 130 anos, verá de novo o time brasileiro, mas agora já em fase de mata-mata.

Quando não se pode brincar.

E, diga-se, o time não brincou, por mais fácil que estivesse e tratou de fazer sua parte: gols.

Como logo aos 7 minutos, quando Marcelo bateu falta cruzada pela esquerda, a bola passou por todo mundo, por Damião, inclusive, menos por Sandro que, na segunda trave, fez o terceiro.

E só não fez, aos 15, o quarto, porque Neymar preferiu concorrer ao Troféu Deivid 2012, ao perder gol certo embaixo da trave.

O que lhe valeu uma risonha chamada de Mano, mostrando a ele como deveria ter batido na bola.

A joia santista poderia ter ido dormir sem essa.

A seleção fechava sua participação na primeira fase com 100% de aproveitamento em três jogos, única das 16, faltando ainda o jogo dos japoneses que podem igualar a marca, embora enquanto os brasileiros marcaram nove gols e sofreram três, o Japão marcou dois e, é claro, não sofreu nenhum — mas ganhou da Espanha.

Foi, enfim, uma agradável tarde em Newcastle, mais um tijolo na construção do sonho olímpico brasileiro, cada vez mais possível que não há de se desfazer como castelo de areia.

Pena, apenas, que Alex Sandro, que havia levado um cartão amarelo injusto, simulou um pênalti e levou o segundo.

Mano que tinha trocado Neymar por Pato, trocou Damião por Oscar e Lucas por Rômulo.

Foi tão fácil que deu para ver, na tribuna de imprensa do estádio, tanto as derrotas de Tiago Camilo na luta pela prata e pelo bronze, no judô, quanto a nova derrota do basquete feminino, outra vez para a Austrália, agora por 67 a 61, apesar de interessante reação no fim.

Agora é pegar o trem de volta para Londres, porque o passeio acabou e a vida é dura.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/