O profexô levou uma aula!
Por AIRTON GONTOW
Bom de entrevistas e vencedor de cinco Campeonatos Brasileiros, Luxemburgo passou as últimas semanas explicando como um time faz para ganhar um mata-mata.
Segundo o técnico gremista – e grande parte da mídia – o importante para quem joga em casa é antes de tudo não tomar gol.
Mas essa história de que não tomar um gol é o mais importante, é uma pura falácia.
Na Libertadores de 1995 (quando não havia o critério do gol marcado fora valer dois), o Grêmio venceu por 5 a 0 em Porto Alegre. E perdeu por 5 a 1 em São Paulo. Os mais apressados podem julgar que a classificação gremista veio devido ao gol marcado no estádio palmeirense.
Mas é claro que não foi isso! Na época, se o Grêmio tivesse vencido no Olímpico por 2 a 0, mesmo com o gol marcado em São Paulo teria sido eliminado pelos paulistas.
O garantiu a classificação foram os gols marcados no Olímpico!
O fato é que na Copa do Brasil e na Taça Libertadores vencer em casa por 1 a 0 é melhor do que ganhar de 2 a 1.
Mas fazer 3 a 1 é melhor do que fazer qualquer vitória por 1 a 0. É o óbvio ululante que Luxemburgo parece desconhecer.
Na partida de ontem à noite, o Grêmio entrou no estádio Olímpico apático, preocupado em, fiel à teoria do professô, não levar gol.
Em nenhum momento o time gremista assustou o Palmeiras, equipe em incrível crise técnica e de relacionamentos entre jogadores, comissão técnica e dirigentes. Não pressionou. Não forçou o adversário a dar chutões e fazer faltas próximas a área. Não amassou o time rival.
A própria torcida gremista, conhecida por não parar de cantar durante toda a partida, pouco conseguiu incentivar a equipe.
Além de engessar o time com seu discurso vazio, Luxemburgo errou nas escolhas.
O maior exemplo é a escalação do fora de forma Kleber. Também não dá para entender porque insistiu tanto com o "gladiador" e com o inoperante Marco Antônio, que há muitas partidas não consegue articular uma única jogada, levando a torcida ao desespero.
Quem assistiu ao jogo sabe que o azar não pode servir em momento algum de desculpas para o resultado.
O tricolor gaúcho atuava para não levar gols, mas era o perigo era iminente à cada investida do Verdão sobre a insegura defesa do Grêmio.
Em todo o segundo tempo o time paulista foi mais perigoso, merecendo o resultado positivo.
O time de Luxemburgo perdeu.
E perdeu ridiculamente, sem ao menos lutar com a conhecida garra gaúcha. O professô recebeu uma aula.
Se é mestre em pontos corridos, onde desde cedo descobriu que empates fora de casa pouco servem, com exceção das jogos contra candidatos ao título, no mata-mata Luxemburgo segue perdendo muito mais do que ganhando.
Em seu currículo há derrotas incríveis, como a vexatória eliminação do escrete brasileiro para a Seleção de Camarões, que atuava com dois jogadores a menos, nas Olimpíadas de Sidney, em 2000.
Em mata-mata, o Luxa tem de rever seus conceitos.
Do contrário ele e os gremistas continuarão a amargar o Felipão que o diabo amassou.
* Airton Gontow, 50 anos, é jornalista e cronista gremista.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/