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Blog do Juca Kfouri

Proibir o mensalão, não o MMA

Juca Kfouri

07/03/2012 12h30

Que o MMA é sinônimo de barbárie, falta de civilidade e não é esporte nem aqui nem no quinto dos infernos é absolutamente óbvio, digam o que quiserem dizer seus adeptos.

Assim como o boxe, uma prática cujo objetivo é privar o rival de seus sentidos, não pode ser saudável, por mais que o treinamento possa ser.

Não se discute aqui tratar-se de uma prática em que os competidores estão de acordo em dela participar, na qual existem regras e busca de equilíbrio entre as partes.

Mas, de todo modo, um atentado à busca de civilidade, uma volta ao homem das cavernas, um estímulo aos piores instintos da raça humana.

E argumentos do tipo que defendem a falsa ideia de que, por exemplo, trata-se de prática menos violenta que o futebol, são simplesmente risíveis, típicas de quem já tomou tanta pancada na cabeça e perdeu milhões neurônios.

"Ah, torcedores morrem em batalhas muito piores", confundem alhos com bugalhos, como se o objetivo do futebol fossem tais descalabros.

Tudo isso para dizer que a tentativa do deputado do PT de São Paulo, José Mentor, em proibir a transmissão das lutas beira a simples insanidade autoritária.

Ele argumenta que se até rinha de galo é proibida, mais sentido faz proibir seres humanos se engalfinhando, esquecido de que aos animais falta o livre arbítrio e que alguém precisa zelar por eles.

Sim, não se sabe de um galo que tenha concordado em participar de rinhas.

Em vez de ser mentor de práticas obscurantistas por mais selvagem que seja o MMA, deveria o deputado se preocupar com suas relações mais íntimas,  tais como as com o empresário Marcos Valério, o o trem-pagador do mensalão, algo que manchou definitivamente a carreira do parlamentar.

Porque ainda pior que o vale-tudo foi o vale-rioduto

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/