Proibir o mensalão, não o MMA
Que o MMA é sinônimo de barbárie, falta de civilidade e não é esporte nem aqui nem no quinto dos infernos é absolutamente óbvio, digam o que quiserem dizer seus adeptos.
Assim como o boxe, uma prática cujo objetivo é privar o rival de seus sentidos, não pode ser saudável, por mais que o treinamento possa ser.
Não se discute aqui tratar-se de uma prática em que os competidores estão de acordo em dela participar, na qual existem regras e busca de equilíbrio entre as partes.
Mas, de todo modo, um atentado à busca de civilidade, uma volta ao homem das cavernas, um estímulo aos piores instintos da raça humana.
E argumentos do tipo que defendem a falsa ideia de que, por exemplo, trata-se de prática menos violenta que o futebol, são simplesmente risíveis, típicas de quem já tomou tanta pancada na cabeça e perdeu milhões neurônios.
"Ah, torcedores morrem em batalhas muito piores", confundem alhos com bugalhos, como se o objetivo do futebol fossem tais descalabros.
Tudo isso para dizer que a tentativa do deputado do PT de São Paulo, José Mentor, em proibir a transmissão das lutas beira a simples insanidade autoritária.
Ele argumenta que se até rinha de galo é proibida, mais sentido faz proibir seres humanos se engalfinhando, esquecido de que aos animais falta o livre arbítrio e que alguém precisa zelar por eles.
Sim, não se sabe de um galo que tenha concordado em participar de rinhas.
Em vez de ser mentor de práticas obscurantistas por mais selvagem que seja o MMA, deveria o deputado se preocupar com suas relações mais íntimas, tais como as com o empresário Marcos Valério, o o trem-pagador do mensalão, algo que manchou definitivamente a carreira do parlamentar.
Porque ainda pior que o vale-tudo foi o vale-rioduto…
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