A história de uma marmelada documentada
Em 1968, o Palmeiras corria o risco de ser rebaixado no Campeonato Paulista caso perdesse o jogo contra o Guarani, em seu penúltimo jogo pelo estadual.
O alviverde da capital tinha priorizado a disputa da Libertadores e acabou tendo de jogar uma série de partidas seguidas, anteriormente adiadas no estadual.
Foi então que o Guarani escalou um time reserva e com um jogador em situação irregular, de maneira tal que se o time campineiro vencesse o paulistano poderia buscar na justiça esportiva os pontos perdidos.
Nem foi necessário porque o 1 a 1 , no Brinco de Ouro, no dia 29 de junho de 1968, um sábado à tarde, garantiu o Palmeiras na divisão de cima.
A história era conhecida, mas que havia sido garantida por documentos é a novidade que a revista comemorativa do centenário do Comercial de Ribeirão Preto, editada pelo jornalista Luiz Eduardo Arruda Rebouças, revela, como se pode constatar abaixo.
O Guarani prometeu, e cumpriu, não escalar nenhum titular e, de quebra, ainda fez entrar durante a partida o jogador amador Flamarion, ultrapassando o limite de dois amadores por jogo.
Em compensação, o Palmeiras cedeu, por empréstimo, um jogador de graça ao Bugre.
Jogador que, em seguida, o Palmeiras vendeu ao XV de Piracicaba, razão pela qual depositou 50 mil cruzeiros na conta do Guarani.
Eram outros tempos, ingênuos até.
As mutretas eram feitas mais com a finalidade de garantir o sucesso esportivo do que em enriquecer cartolas e seus satélites.
E, para que não houvesse dúvida, até registrar em cartório se registrava…
Mas o que o Comercial tem a ver com isso, você há de estar se perguntando.
Pois foi com esses documentos, comprovando marmelada no campeonato de 1968, que o Comercial conseguiu anular sua queda para a segunda divisão em 1969, causando ainda a suspensão do descenso em São Paulo nos anos seguintes.
Rebouças e a revista do centenário do Comercial-SP (Foto: Fábio Melo/Gazeta de Ribeirão)
Aos fanáticos, bocós de mola, sem senso de humor:
1. Quem não conhece a história está condenado a repeti-la;
2. O que mais chama a atenção no episódio, como observado na nota, é a ingenuidade do ato;
3. Quem noticiou o episódio do 1-0-0 do ex-presidente Alberto Dualib, do Corinthians, foi o blogueiro;
4. Da mesma forma foi o primeiro a denunciar as inúmeras identidades de Kia Jorabchian e seu envolvimento com a máfia russa quando da parceria MSI/Corinthians;
5. É comum um documento ter uma data e o registro em cartório ser posterior. Fraude seria o inverso, isto é (vou desenhar), o registro no cartório ter data anterior à do documento.
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/