Topo

Blog do Juca Kfouri

O cartel de empreiteiras da Fifa

Juca Kfouri

05/10/2011 17h00

Por JUREMIR MACHADO DA SILVA
Jornal "Correio do Povo", de Porto Alegre

Entrevista bombástica do ex-presidente do Internacional, Vitorio Piffero, a Luis Carlos Reche, na Rádio Guaíba.

Segundo ele, o Inter tinha recursos para fazer sozinho a reforma do Beira-Rio.
Por que não o fez?

Porque a Fifa exigiu garantias bancárias que o Inter não tinha assegurando os recursos para a conclusão da obra.

Piffero afirmou que o Inter tinha dinheiro no banco suficiente para a reforma da arquibancada que hoje está paralisada.

De quebra, o Inter corre o risco de ficar fora da Copa das Confederações.

Por que o Inter paralisou as obras?

Porque sofreu fogo amigo. Críticas internas ao modelo próprio de reformas.

E críticas externas, as da Fifa e da CBF.

Por quê?

A Fifa e a CBF queriam impor uma empreiteira do seu cartel, a Andrade Gutierrez.

Não interessava à turma da Fifa que o Inter fizesse a reforma por contra própria.

A Copa do Mundo precisa dar lucro a um grupo de parceiros.

Qualquer coisa fora disso é desautorizada.

O Inter chegou a contratar um executivo, de rápida e apagada passagem pelo Beiro-Rio, cuja missão se resumiu a convencer o atual presidente do Inter a cair no colo da Andrade Gutierrez.

Todos aqueles que criticavam essa decisão boa acima de tudo para a empreiteira foram acusados de atraso e ignorância.

O Inter podia ter feito como o São Paulo: não se submeter.

Mas havia duas razões para cair no colo da Andrade Gutierrez: a rivalidade infantil com o Grêmio e o desejo de alguns de fazer a sagrada vontade da CBF e da Fifa.

Na África, já se cogita derrubar alguns dos estádios construídos para a Copa de 2010.

No Brasil, só cartolas, alguns políticos e empreiteiras ganharão com a Copa do Mundo.

O Inter e o Grêmio têm tudo para sair como perdedores.

Serão perdedores felizes.

Farão papel de modernos.

Moderno é pagar aluguel para morar na própria casa.

É o neoliberalismo da CBF e da Fifa

Um neoliberalismo antigo, o dos negócios bons para alguns e ruins para muitos.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/