O dia em que Ricardo Teixeira driblou Zico
Por ROBERTO VIEIRA
Há vinte anos.
Um golpe de estado ocorria no Brasil.
Um golpe de estado em forma de drible.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira.
Antecipava as eleições da entidade máxima do nosso futebol.
Para fugir aos ditames da Lei Zico.
Para se reeleger antes que fosse tarde.
A continuação no poder de Ricardo Teixeira.
Ocorrera com ventos revolucionários:
"A filosofia do futebol está ultrapassada!"
Ricardo Teixeira que tinha fama de empreendedor.
Homem de diálogo.
Gentleman.
A Lei Zico anunciava em alto e bom som:
O presidente da CBF será eleito pelos clubes.
Pânico.
Era mais fácil controlar as amarras dos presidentes de federações.
Ricardo Teixeira antecipa o pleito.
Transforma o 1º de abril em 31 de março.
A assembléia coronelística é unânime:
"Rei, Rei, Rei, Ricardo é nosso Rei!"
Ricardo promete moralizar a entidade
– como se ele já não comandasse o caos.
Aplausos.
Champanhe.
Caviar.
Ironia dos deuses da bola.
Zico driblado pelo perna de pau.
Vinte anos depois.
Ditadura ampla, geral e irrestrita.
Pelo menos numa coisa Ricardo Teixeira tinha razão.
No dia 17 de julho de 1991.
Ele anunciava que a Copa do Mundo seria no Brasil em 1998.
Errou por pouco.
Dezesseis anos.
Mas diante do seu legado histórico.
Da sua elegância nas entrevistas piauienses.
Este foi o menor dos enganos…
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