Mestre Telê, 80
Por ROBERTO VIEIRA
O chão de ferro viu nascer o fio de esperança.
Poesia em movimento.
Fernando Morais pensou que ele seria o rei do Brasil.
Engano.
O menino maluquinho Paolo Rossi não quis.
O anjo pornográfico o considerava não menos que santo.
O irmão do anjo sonhou que ele era um Deus.
Magro com o perfil do Aleijadinho.
Minas.
Drummond, o Roberto, apresentou-lhe Hilda.
Mas Hilda amou Valentim.
A camisa do moleque de Itabirito ardeu em chamas.
Mão seca.
Rastilho de pólvora.
A seleção era um grande sertão veredas.
Bota ponta!
Volta, Telê!
As palavras em Minas são curtas e tardias.
Baú de ossos assassinado na escuridão.
Travessia.
Quando você foi embora fez-se noite no futebol.
Máscaras singulares.
Ídolos de pano.
Oitenta anos, Telê.
Oto Vieira não estava errado.
Lembra do Bangu?
Tinha medo de Didi.
Descobriu-se perdido em ti.
Sabino dizia que a bola tinha encontro marcado.
Um encontro marcado com quem mais a amava.
Tinha um Telê no meio do caminho.
No meio do caminho tinha um Telê no clube da esquina.
Primeiro campeão brasileiro.
Um 14 Bis surge no céu anunciando que estamos perdidos em Abbey Road.
Ou será no Sarriá?
Quando você chegou ao céu teve festa do divino.
Tutu à mineira.
Tem quem prefira 1994.
São os grandes mentecaptos.
Convocaram novamente a canarinho.
Canarinho que é página virada no coração do torcedor brasileiro.
Ontem.
Descobri uma foto sua no DVD do Skank.
1951.
Você tinha vinte anos.
Véspera de decisão.
Jurando jogar com limpo contra o Bangu.
Quer saber?
Só mesmo você, Mestre Telê…
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/