Valeu, Ronaldo! E só valeu por Ronaldo
Quando o primeiro tempo terminou no gelado Pacaembu (30 mil pagantes), o 1 a 0, gol de Fred, aos 21 minutos, era muito pouco para o que a Seleção Brasileira mostrara contra a Romênia.
Neymar, duas vezes, Robinho uma e, pasme, Ronaldo, três vezes, tiveram chances para ampliar.
O esperado gol do Fenômeno não aconteceu porque o goleiro romeno impediu duas vezes e porque ele mesmo, ao mandar uma bola nas nuvens, fez questão de mostrar que estava aposentado.
Mas impressionou a facilidade com que Robinho uma vez e Neymar duas o acharam para lhe dar o gol.
Ao fim, em sua despedida nos microfones, ovacionado, ele se desculpou ao se dirigir aos torcedores, "por não ter dado uma pequena retribuição a tudo que vocês me deram".
Não precisava. Ele deu muito mais do que recebeu.
A Seleção jogava bem, e poderia ter ido para o intervalo com 5, 6 a 0, porque havia duas diferenças básicas em relação ao jogo de Goiânia.
Em vez do calor sufocante, um frio estimulante para jogadores em fim de temporada.
Em vez da Holanda, a segunda melhor seleção do mundo, a romena, a 42a.
Verdade que a presença de Jadson, num meio de campo com Sandro e Elias, dava a criatividade que não apareceu no Serra Dourada.
Mas se o primeiro tempo teve um inevitável clima de festa, o segundo era para ser de trabalho.
E a Seleção voltou com Nilmar no lugar de Ronaldo que tinha substituído Fred.
Voltou menos elétrica, mas continuou perdendo gols, pelo menos três em 20 minutos.
E errava passes irritantemente, apesar da gritante fragilidade do time romeno, pra lá de chegado numa trapalhada.
Lucas Leiva estava em campo porque Sandro se machucou, aos 15, e Lucas, o menino do São Paulo, entrou no lugar de Robinho, vaiado, aos 21, quando a torcida em coro pedia Ronaldo…
Lucio saiu e entrou Luisão, mas a melhor troca deu-se aos 27, quando Marica deu lugar a Zicu, na Romênia — lembrando que os romenos são tão latinos como nós.
Aos 30, Thiago Neves que deveria ter entrado já no jogo contra a Holanda, enfim, aos 30, entrou no lugar de Neymar.
Aos 33, como o Serra Dourada, o Pacaembu começou a vaiar.
Aos 34, Thiago Neves, que não está aposentado, ao contrário, chutou mais nas nuvens do que Ronaldo, que voltou a ser convocado pela massa.
A Romênia trocava passes inutilmente e a torcida acompanhava dando olé.
Mais uma vez a torcida paulista ficava brava com a Seleção, embora, como pesquisou o PVC, desde 1964 o time esteja invicto na Paulicéia.
Enfim, a noite de 7 de junho de 2011 entra para a história como a do fim de uma era e que valeu para homenagear Ronaldo Fenômeno.
E só por isso, embora não seja pouco, muito ao contrário.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/