Brasília-Basquete
Por RONALDO PACHECO*
Lançada por Juscelino, no belo céu de Brasília, uma bola laranja flutua ao pôr do sol.
Atravessa de um lado ao outro do horizonte e se deposita aos poucos sobre a catedral que a espera como uma cesta aberta.
Nestes 51 anos esta trajetória se repetiu diariamente.
Vimos e admirávamos sem perceber o que se pronunciava.
Era a vocação de uma cidade que se mostrou unida, educada, feliz e resgatada.
Um esporte trouxe o nosso orgulho de volta.
Quem diria que seu nome seria citado em todos os jornais não mais por escândalos, mas pela supremacia vitoriosa no esporte nacional.
Quem diria que um dia, o "enorme" Nilson Nelson (cuja arquitetura externa é sustentada por tabelas de basquete) seria pequeno para o basquete.
Não notamos que Brasília e Basquete, tem as mesmas oito letras.
Mas eis que de repente, no últimos cinco anos, a cidade descobriu uma paixão.
Paixão por uma bola laranja que tem as mesmas linhas sinuosas dos desenhos de Oscar Niemeyer (olhando detalhadamente vemos o desenho do Plano Piloto).
E esta cidade se alegrou, teve orgulho em cantar seu nome.
Redescobriu ídolos.
Se redescobriu.
Se mostrou apaixonada, mobilizada, valorizada.
Este amor entre Brasília e Basquete já estava escrito nas linhas básicas da sua criação.
A cidade se encontrou na coincidência entre o basquete e sua arquitetura.
Se viu refletida no espelho da paixão, emoção e da bravura.
Parabéns Brasília!
*Ronaldo Pacheco é professor de Educação Física da Universidade Católica de Brasília.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/