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Blog do Juca Kfouri

O sonhado relatório para a Fifa

Juca Kfouri

15/04/2011 10h00

Por RAFA KLEIN*

Tive um sonho esquisito.

Sonhei que o Joseph Blatter me ligava para falar da Copa de 2014 (eu preferia que fosse a Gisele Büdchen, mas fazer o quê, não dá para manda nos sonhos da gente).

Ele me cobrava uma resposta final sobre estádios e projetos de melhorias das cidades-sede.

Sem saber o que falar, argumentei que faltavam ainda três anos para 2014, que temos muito tempo, e todas essas coisas que diz quem está atrasado nas suas obrigações.

Ele respondeu aos berros: "2014 é amanhã. E vocês, brasileiros, deixam tudo para depois de amanhã."

Diante da bronca, fiz um relatório tentando mostrar ao Zé Blatter que está tudo bem e que a Copa aqui vai ser um sucesso:

Expliquei que o Rio está bem avançado, com 3 estádios prontos: o Engenhão, o de Volta Redonda e o de Macaé.

Como o Engenhão não caiu nas graças do torcedor, eu sugeri fazer a abertura em Macaé, evitando a Linha Vermelha, que é tranquila, mas sofre eventualmente de congestionamento de arrastões.

O problema da mobilidade urbana de São Paulo já estaria resolvido, porque em 2014 todos andarão a pé, queiram ou não.

Estádio também não é problema.

O Fielzão já está pronto no computador e, ainda assim, argumentei que se os jogos forem realizados no terreno como está, vai caber muito mais gente do que em no estádio depois de construído.

Uma inovação que só uma Copa no Brasil poderia trazer.

No Rio Grande do Sul, tem o estádio do Inter em fase avançada de reformas, mas como não gostamos de nada fácil, devemos realizar os jogos no ainda não existente estádio do Grêmio.

O Rio Grande do Norte tem problemas, é verdade, mas temos um plano B que é usar o estádio do Inter como base.

A distância não será problema, é tudo Rio Grande mesmo.

Em Salvador tem o maior metrô do mundo, tanto que levou mais de 20 anos para ficar pronto desde que começou a ser construído.

E, convenhamos, o que é que tem funcionar apenas 4 km durante a Copa se ele é o maior do mundo?

E disse mais.

Que o estádio de Recife não vai ter dono, mas vai ser absolutamente viável.

Que em Brasília o estádio é adequado, sim, aos tamanhos dos times locais que são Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo.

E que 30% dos aeroportos utilizados na Copa estarão operando dentro da capacidade, o que é um crescimento de 30% em relação ao que a gente tem hoje.

Enfim, não temos com o que nos preocupar.

Depois da explicação ele desligou o telefone berrando de felicidade.

Acordei e agradeci por não ter que falar com o Blatter novamente ao telefone.

Ele grita muito. Horas depois, li nos jornais que ele andou a elogiar a preparação do Brasil para a Copa de 2014.

De duas, uma: ou tudo era verdade e eu mandei muito bem nas minhas explicações, ou ainda estou sonhando.

*Rafael Klein Pedroso é publicitário.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/