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Blog do Juca Kfouri

Uma revolução na TV brasileira

Juca Kfouri

13/02/2011 12h58

O Clube dos 13 receberá este ano, pelos direitos do Brasileirão, das Organizações Globo, e exclusivamente dela, 267 milhões de euros.

Até fins de março deve fechar novo pacote com vistas às três próximas edições do campeonato e calcula dobrar esta quantia, ao vender separadamente os direitos de TV aberta (receberá 250 milhões de reais em 2011); fechada (57 milhões de reais); pagar-para-ver (220 milhões), telefonia e internet, que hoje significam rendas irrisórias.

Aliás, comparado ao que rendem os Campeonatos Inglês (1 bilhão e 26 milhões de euros); Italiano (700 milhões); Francês (689 milhões); Espanhol (655 milhões) e Alemão (428 milhões), o Brasileirão, certamente mais disputado, equilibrado e, portanto, mais emocionante do que todos os demais, embora com muito menos ídolos, também fatura muito pouco.

A ideia é a de se fazer uma concorrência com envelopes fechados e devidamente auditada por empresa do ramo.

A comissão de negociação, conduzida pelo diretor executivo do Clube dos 13, Ataíde Gil Guerreiro, e composta pelo Santos, Atlético Mineiro, Botafogo e Bahia, esperar receber propostas da Globo, Record e RedeTV!, embora não descarte que a Bandeirantes ainda faça seu lance para TV aberta.

A fechada deve ter disputa entre a Sportv, a ESPN, a Telefônica e a Band Sport.

Pelo PPV já manifestaram interesse a Globo, ESPN, Telefônica, NET, Sky e TVA.

A telefonia e a internet são disputadas pela Globo, Terra, Telefônica, IG, UOL, OI, Lancenet!.

O Clube dos 13 aposta também nas telefônicas e nos grandes portais da Internet e sonha que aconteça o que se deu em relação à disputa dos Jogos Olímpicos de Londres, vencida pela Record.

A Globo pagou 12 milhões de dólares por Pequim e perdeu Londres porque ofereceu 48 milhões contra 60 da Record.

Já para ter os direitos da Rio-2016, a Globo desembolsou nada menos do que 180 milhões de dólares. E levou.

O Clube dos 13 espera gerar as imagens do seu campeonato e de tudo que disser respeito a ele, como, por exemplo, as entrevistas pós-jogo, com o que garantirá a exposição dos patrocinadores de seus filiados, assim como busca acabar com quaisquer direitos comerciais da CBF que estejam previstos nos regulamentos dos campeonatos.

Paralelamente, busca garantir para si os ativos imediatos e os perenes que gera ano após ano.

A proposta que as redes Record e RedeTV! já ouviram e que a Globo ouvirá nesta quarta-feira, é recheada por dados objetivos, fruto de um estudo realizado por especialistas da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, que criaram complicadas fórmulas matemáticas para cruzar valores financeiros, dados de audiência etc.

Além da negociação separada das cinco mídias, ninguém terá mais direito de preferência, coisa, aliás, que o Cade (Conselho Administrativo De Defesa Econômica) tratou de proibir, com a concordância da Globo, que o detinha até então.

Mas o Clube dos 13 conseguiu manter o direito de exclusividade por considerar que é interessante para os clubes, assim como está assegurado que quem comprar os direitos, no caso da TV aberta, poderá sub-licenciá-los.

Cogita-se que o lance mínimo para a TV aberta será de 500 milhões de reais.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/