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Blog do Juca Kfouri

Que o STJD não faça mais besteiras

Juca Kfouri

08/12/2010 22h52

Nesta quinta-feira o STJD será palco de um duelo memorável.

De um lado Eurico Miranda, ex-deputado federal, cassado pelo eleitorado.

Do outro Luiz Estevão, ex-senador, cassado por falta de decoro.

Ambos vão medir forças para tentar manter seus clubes na Série B de 2011.

O Duque de Caxias, onde Miranda sobrevive, contratou o meia Leandro Chaves que na mesma Série B deste ano já havia atuado pelo Ipatinga e pelo Ipatinga recebido um cartão amarelo.

Só que o Duque de Caxias , depois de o jogador receber  dois cartões amarelos já no novo time,  manteve o atleta jogando, sem cumprir a suspensão automática, o que o levou a ser denunciado no STJD e, surpreendentemente, absolvido.

Mas houve recurso, que será julgado agora.

Nesse rolo todo o Duque de Caxias poderá perder no mínimo seis pontos e ser rebaixado no lugar do Brasiliense, de Luiz Estevão.

Eurico Miranda vai usar todo seu prestígio junto ao STJD para absolver o Duque Caxias e Luiz Estevão usará o dele para defender que a Capital Federal precisa ter pelo menos um time na Segundona.

O Duque de Caxias argumentará que o cartão não é cumulativo, ou seja, que não conta o que o atleta recebe em outro clube.

Difícil, no entanto, que tal entendimento prevaleça, pois não foi assim, por exemplo, que o Fluminense, campeão brasileiro, agiu em relação ao jogador Valencia, que chegou nas Laranjeiras trazendo um cartão que recebeu no Atlético Paranaense.

Assim que ele recebeu mais dois, já pelo Flu, tratou de cumprir suspensão no Fla-Flu.

Se o Duque de Caxias for absolvido, o Flu terá errado, porque, então, Valencia teria recebido o terceiro cartão pelo Flu sem cumprir suspensão em seguida.

Sim, porque, contra o Santos, Valencia recebeu o terceiro cartão jogando pelo Flu e, ao prevalecer o argumento do Duque de Caxias, deveria ter cumprido suspensão no jogo seguinte, contra o Cruzeiro.

Mais, portanto, do que a briga de dois ex-parlamentares que não honraram a vida política nacional nem a esportiva, está em jogo um entendimento que pode dar ao Cruzeiro o direito de pleitear o título brasileiro.

Que o STJD não faça mais uma lambança.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/