Os dutos do Fielzão
Por SIDNEY MARQUES*
Quero tratar do caso dos dutos da Transpetro que passam, já há quase 30 anos, sob o terreno cedido em comodato pela prefeitura para a construção do estádio do Corinthians.
Depois de ouvir hoje pela enésima vez ilações sobre o tema, fiz uma rápida investigação na Internet sobre o assunto – veja bem, não sou jornalista, mas engenheiro – e para meu espanto as respostas estão todas lá.
Não é possível que jornalistas isentos e imparciais não tenham conhecimento destes fatos, e que não haja até aqui nenhuma publicação a respeito (pelo menos não a vi).
O fato é muito simples: o destino dos dutos da Transpetro que passam em Itaquera é simplesmente a DESATIVAÇÃO, já que passa por área de alta densidade populacional estimada em 700 mil pessoas.
O trecho de dutos em questão liga os terminais de Petrobras de Guarulhos a São Caetano, tem previsão de desativação até 2014, assim que forem avançando as obras do chamado Plano Diretor de Dutos de São Paulo ( DDP- SP).
O DDP-SP é uma ampla obra de remanejamento completo dos dutos, transporte e armazenamento de combustíveis no estado de São Paulo, com valor estimado de R$ 3 bilhões.
Veja bem, não é noticia novísssima, nem guarda qualquer relação com o projeto do estádio.
A obra teve o seu Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) feito em 2008, o qual obteve licença prévia em abril de 2009, e decretada de utilidade pública pelo governo do estado em 2 de outubro de 2009.
Logo em seguida iniciaram-se as obras com conclusão prevista para 2014.
É facilmente reconhecível, que os ramais serão desativados assim que forem construídos outros que os substituam em rotas com menor risco e densidade populacional, e que terão a faixa de servidão melhor controlada, o que não aconteceu com a construção inicial destes e muitos outros país afora na década de 70.
Resta perguntar o porquê da Petrobras não se referir aos seus próprios projetos.
Quando interpelada pelas jornalistas, prefere dizer que está analisando o caso.
Certamente, existem também aí interesses políticos que seria necessário investigar.
Entretanto, se perguntas específicas sobre o DDP-SP, que é de conhecimento público, forem colocadas, as respostas terão que ser mais assertivas.
*Sidney Marques é engenheiro e corintiano.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/