Topo

Blog do Juca Kfouri

61 minutos de tensão: e Flu bicampeão!!!

Juca Kfouri

05/12/2010 18h59

O clima nos vestiários do Engenhão (35.527 pagantes), Serra Dourada (28.917 pagantes) e Arena do Jacaré (16. 1911 pagantes) nos intervalos dos jogos do Fluminense, do Corinthians e do Cruzeiro só pode ter sido de terror.

Porque contra os reservas de Guarani, Goiás e Palmeiras os três líderes disputaram, no primeiro tempo, quem era mais ansioso.

O nervosismo imperou e faltou futebol.

O Flu deu pena, apesar de ser evidente a imoral mala branca que estimulava o Bugre.

O Corinthians não lhe ficou atrás e, para piorar, ainda tomou um gol ridículo, graças à falha, rara, diga-se,  de Júlio César, que saiu jogando miseravelmente mal e deu o 1 a 0 de presente ao Esmeraldino, aos 19, com Felipe Amorim.

Dentinho ainda empatou, 10 minutos depois,  e Elias jogou fora a virada de maneira espetacular.

E o Cruzeiro limitou-se a criar duas chances de gol, uma salva brilhantemente pelo goleiro Bruno, em cabeçada de Henrique.

Se nem Goiás nem Palmeiras faziam questão de atrapalhar as vidas de Corinthians e Cruzeiro, diferentemente do Guarani em relação ao Fluminense, também não tinham por que facilitá-las.

E os segundos tempos começaram.

O do Rio cinco minutos depois dos jogos em Goiânia e Sete Lagoas.

Aos 9, como o Corinthians não atava nem desatava, Tite tirou Ralf e pôs Jorge Henrique.

Pior aconteceu em Minas, onde Rivaldo fez 1 a 0 para o Palmeiras, logo depois de Bruno ter salvo falta batida por Montillo.

Que coisa!

E o Goiás ainda perdeu gol certo.

O Fluminense, ao menos, voltou melhor e, aos 11, Muricy Ramalho pôs Washington no lugar de Júlio César.

E Henrique empatou para o Cruzeiro.

O Goiás, acredite, era mais perigoso que o Corinthians.

E, aos 16, Emerson, enfim, fez o gol do bicampeonato tricolor, em jogada de Carlinhos pela direita, desviada por Washignton, e tocada pelo Sheik entre as pernas do goleiro: 1 a 0.

Era justo pelo segundo tempo, era justo pelo campeonato.

Uma hora e um minuto de sofrimento depois, o Flu sentia o gosto da faixa que provara 26 anos atrás.

Curiosamente, os que tinham os jogos mais fáceis, empatavam.

E só o Flu vencia.

Fred saiu e deu a tarja de capitão ao comandante do título, o argentino Conca.

Fernando Bob entrou.

Agora era só deixar o tempo passar e, quem sabe, arrumar uma bola para Washington marcar.

Já o Corinthians jogava tão mal que Júlio César tinha chances para se reabilitar do gol que criou.

Por paradoxal que pareça, o castigo que os corintianos mereciam não seria nem o segundo gol goiano, mas o gol de empate do Guarani.

Mas o Fluminense não merecia, eis a questão e administrava sem dramas a vantagem que precisava.

Aos 38, Ronaldo, que tinha dado dois passes para gols desperdiçados por seus companheiros, carimbou a trave esmeraldina.

Rodriguinho substituiu Emerson no Flu, mais um guerreiro na festa.

O Cruzeiro, ao menos, virou, com Wallyson, fez 2 a 1 e conquistou o vice-campeonato.

O Corinthians se despediu melancolicamente: 1 a 1.

E o Flu, ao contrário, gloriosamente.

Bicampeão brasileiro de futebol!!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/