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Blog do Juca Kfouri

Considerações quase finais sobre ontem no Brasileirão

Juca Kfouri

22/11/2010 17h09

O Fluminense deve ser bicampeão brasileiro e com toda justiça, time que mais tempo liderou o campeonato.

E que perdeu jogadores essenciais por bom tempo e mesmo assim se manteve no topo.

E que tem um grande treinador, capaz de extrair de Conca o máximo e de fazer de Ricardo Berna uma figura decisiva para a caminhada.

Foi prejudicado e auxiliado por arbitragens na mesma medida, assim como teve a sorte de pegar os reservas do Inter que decidiria a Libertadores e o entorpecido São Paulo, assim como enfrentará os reservas do Palmeiras.

Expediente que está longe de ser ético, mas que virou padrão no patropi, um país em que torcedor vai a campo torcer contra o próprio time e depois se queixa dos políticos que ele mesmo elege, sua alma e sua palma.

Mas sem sorte, como diria o tricolor Nelson Rodrigues, não se chupa nem um picolé, porque cai no pé.

E outros times também viveram situações semelhantes.

O Corinthians não tem do que reclamar, a não ser de si mesmo, da má partida no Barradão e, principalmente, da perda de seis pontos para o Atlético Goianiense, de quem tomou quatro gols em pleno Pacaembu.

Que reclame de seu presidente, que viu caladinho a CBF de seus amigos tirar Elias e Jucilei numa semana decisiva e levá-los para o Qatar.

E que não reclame do São Paulo porque fez igual no ano passado.

A encenação, aliás, foi do mesmo quilate, até com a teatral expulsão de Mano Menezes, ainda no primeiro tempo, "indignado" com a arbitragem, como Chicão, expulso depois.

Agora é o São Paulo que anuncia desinteresse em renovar com Richarlyson, por saber que ele irá ou para o próprio Fluminense ou para o Palmeiras.

Porque aposta que ainda consegue enganar aqueles que seguem a linha do me engana que eu gosto…

Tudo uma bela vergonha.

E aos que imaginam que entregadas só acontecem em pontos corridos, um lembrete: a Alemanha Ocidental entregou para a Oriental na Copa do Mundo de 1974, assim como Peru entregou para a Argentina, em 1978, e, imagine!, chutando bola na trave quando estava 0 a 0, para depois tomar meia dúzia e dar o saldo, com folgas, que os argentinos precisavam.

Nosso time de vôlei também entregou para os búlgaros e não foi em pontos corridos.

Se ontem fosse a rodada para classificar os finalistas do Brasileirão em mata-mata, poderia acontecer a mesma coisa para deixar um rival de fora.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/