Zebra alpina!
Dá gosto ver a Espanha jogar.
Mesmo quando não faz gol e cria poucas chances, como no 0 a 0 do primeiro tempo contra a Suíça.
Só mesmo o zagueiro Piquet teve uma chance clara, bem neutralizada pelo goleiro rival.
Mas na base do tico-tico no fubá, os espanhóis tiveram 67% de posse de bola com quase 400 passes, 80% deles certos, para envolver o adversário, que só se defendeu e impediu que soubéssemos quem estava no gol da Espanha.
Fernando Torres, ainda se recuperando de cirurgia no joelho fazia falta e Villa decepcionava.
A Suíça ficou sem seu principal zagueiro, o cerebral Senderos , do Arsenal, emprestado ao Everton, (filho de pai espanhol e poliglota, pois fala seis línguas, o português, inclusive), que se machucou ao dar um carrinho no próprio companheiro…
Pois aos 6 minutos do segundo tempo, soubemos que Casillas era o goleiro espanhol ao vê-lo sair desesperado no pé do ataque suíço que pela primeira vez, fruto de um chutão da defesa alpina, chegou em sua cara e para fazer 1 a 0, com o africano, de Cabo Verde, Fernandes, também poliglota, cinco línguas, entre estas o português.
Aos 15, Torres foi para o jogo.
Navas também.
Iniesta só não fazia chover. Ou gol.
A Suíça se defendia com toda a sua velha capacidade de ferrolho e a indústria relojoeira tentava fazer o tempo passar mais rapidamente.
Aos 22, por pouco, Torres não empatou.
E, aos 22, Xabi Alonso mandou um balaço no travessão suíço que fez Zurique tremer.
Era uma baita injustiça, o jogo estava dramático para os espanhóis e suíços e muito divertido para o observador neutro.
No melhor jogo da Copa, o pior ganhava.
E só por 1 a 0 porque, aos 28, em linda jogada, Derdiyok mandou a bola sutilmente na trave de Casillas.
Seria um golaço.
Campeã mundial sub-17 no ano passado, a Suíça se beneficia, enfim, da mistura de raças em sua seleção: o branco das montanhas dos Alpes convive agora com o negro no gramado e estava decretada a primeira zebra da Copa.
Há cinco jogos que a Suiça não leva gol em Copas do Mundo, porque, na passada, foi eliminada nos pênaltis, nas oitavas, depois de quatro jogos sem sofrer um gol sequer.
Mas também impressionante era ver, ao faltarem apenas 10 minutos, que a Espanha não alterava seu toque de bola, sua paciência, como se não tivesse pressa, embora precisasse.
E ficou precisando, apesar dos relojoeiros suíços não terem conseguido apressar o tempo, ao contrário, foram mais de cinco minutos de acréscimos.
A verdade é que Messi faz muita falta ao time espanhol…
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