Os Impérios empataram. Simon ganhou
Depois que os Estados Unidos ganharam da Inglaterra, por 1 a 0, na Copa do Mundo de 1950, no estádio Independência, em Belo Horizonte, na primeira participação dos então arrogantes inventores do futebol moderno numa Copa, foram necessários 43 anos para acontecer nova vitória, em Boston, por 2 a 0.
Neste período, as seleções dos dois países se enfrentaram quatro vezes, com quatro goleadas inglesas, duas em Nova Iorque, duas em Los Angeles: 6 a 3, 8 a 1, 10 a 0 e 5 a 0.
Depois da segunda vitória estado-unidense, mais três jogos, todos com vitórias inglesas, duas em Londres, uma em Chicago, dois 2 a 0 e um 2 a 1.
Hoje jogaram pela segunda vez valendo Copa.
E logo de cara Gerrard abriu o placar para os súditos da Rainha, 39o. gol inglês nos americanos em 11 jogos.
Nem por isso o jogo deixou de ser intenso ou os norte-americanos se intimidaram diante dos europeus.
E duas vezes, em bolas alçadas na área ao velho estilo inglês, os sobrinhos de Tio Sam ameaçaram o Império Britânico.
De maneira voluntarista ou não, fato é que os americanos tinham mais a bola e os ingleses, mais agudos, buscavam matar o jogo em contra-ataques.
O jogo era bem interessante, corrido, viril, mas sem violência e, surprise!. Carlos Simon não cometia nenhuma lambança durante o primeiro tempo inteiro.
Até que, aos 39, Dempsey arriscou um chute de longe, à meia bomba, e o goleiro Green (é feia mesmo a crise no Verdão…) aceitou miseravelmente, um frango para a história das Copas, a big, enormous chicken!
E o intervalo chegou com um justo 1 a 1.
A Inglaterra parece ter voltado para o segundo tempo com dupla intenção: salvar a cara de seu goleiro e logo liquidar a fatura.
Mas Heskey perdeu chance de ouro ao, livre, leve e solto, chutar em cima do goleiro Howard, logo aos 8 minutos.
E Simon continuava incrivelmente bem.
O que nos aguardava?
A armada inglesa adiantou suas linhas e passou a pressionar, feito um torniquete, mas de má, péssima pontaria.
Os americanos se defendiam como podiam e para mostrar que viviam, aos 19, exigiram que Green se redimisse, mais por sorte do que por competência, ao evitar o gol da virada, nos pés de Altidore, em bola que ainda foi à trave.
O jogo estava bom, muito bom, indefinido, aberto.
O velho império e o atual buscavam a vitória ferrenhamente.
O tanque Rooney tinha de fazer as vezes, também, de garção, mas seu companheiro, Wright-Phillips, chutou na mão do goleiro.
E Simon, firme e forte, mostrava o sexto cartão amarelo do jogo, democraticamente dividos entre os dois times.
Quando faltavam 10 minutos para o jogo acabar, a Inglaterra parecia mais perto de fazer seu gol e Peter Crouch entrou em campo, como se fosse, assim, digamos, o Obina.
Na primeira bola cruzada para ele, por Rooney, o grandalhão, 2,01m, cabeceou sem direção.
Se alguém merecia fazer um gol, este alguém era exatamente Rooney.
Quando começou o período de acréscimo, 4 minutos, acredite, os Estados Unidos tinham o domínio do jogo.
E os estado-unidenses seguem invictos diante dos ingleses em Copas do Mundo: 1 a 1.
E o trio brasileiro (Simon, Braatz e Housmann– brasileiro!!!???) de arbitragem pôde ir dormir feliz, pela atuação perfeita, muito, incomparavelmente melhor que o nível de arbitragem no Brasil e pelo mundo afora.
Já o Green, pobre dele, dormirá vermelho. De vergonha. Mas de barriga cheia.
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