Fácil como tirar doce de criança
O Chile não aprende.
Mais uma vez quis jogar de igual para igual contra o Brasil.
E se deu mal. Muito mal.
Sem nem que o Brasil precisasse jogar bem, que dirá muito bem.
O Chile dominou os primeiros minutos, teve a bola e sempre tentou o mais difícil, nunca o mais simples.
E o Brasil foi deixando até que de repente, não mais, o Chile estava como encapsulado pelo time brasileiro.
Que é verdade não levava perigo ao gol chileno, mas como se soubesse que uma hora o gol viria.
O jogo chegou a ficar chato e com cara de pelada, tanto que no meio do primeiro tempo as vaias apareceram no Ellis Park, hoje muito menos hostil, com um temperatura bastante suportável.
E quando parecia que o primeiro tempo iria se encaminhar para um sonolento 0 a 0, eis que numa bela cobrança de escanteio de Maicon, Luís Fabiano foi agarrado, Lúcio fez a proteção e Juan subiu no segundo andar e fez 1 a 0.
Tínhamos 34 minutos.
Era o fim do Chile que, na verdade, nem começara.
Em seguida, só três minutos depois, deu-se o óbvio: o Chile foi ao ataque com tudo, o lateral-direito desceu para receber, a bola em vez de ir para ele foi para o meio, o Brasil roubou, jogou exatamente no espaço que o lateral tinha deixado, bola com Robinho, deste para Kaká que, preciso, enfiou para Luís Fabiano aumentar.
A dúvida passou a ser apenas uma: de quanto o Brasil vai ganhar no segundo tempo?
Valdívia que estava de castigo porque dera o primeiro gol para a Espanha, entrou no time andino.
Há que se dizer, aliás, que com Felipe Melo e Elano as coisas poderiam ter sido melhores e ainda mais fáceis.
Lúcio era um verdadeiro monstro em campo.
E o time chileno parecia o de um Jardim da Infância, tantos eram os erros infantis que cometia.
Os brasileiros, que definitivamente não vieram à África para encantar, deixavam o tempo passar, pareciam já pensar na sexta-feira, em Porto Elisabeth, quando enfrentarão a Holanda.
Vamos fazer mais um ou deixar como está?
Fazer mais um, resolveu Ramires, que arrancou pelo meio, achou Robinho e o santista fez 3 a 0, aos 14.
O que Robinho tem contra os simpáticos chilenos? Marcou seu oitavo gol neles.
Ah, sim, os chilenos seguiram buscando seu gol, dando murro em ponta de faca como se diz.
E quase tomando o quarto gol, ao natural.
Aos 30, Nilmar entrou no lugar de Luís Fabiano.
Ele certamente iria querer mais, para azar dos chilenos.
E Kleberson, o turista acidental, entrou no lugar de Kaká aos 35, em homenagem à bela Copa que disputou em 2002.
E o Chile trocava bola, ameaçava e errava, para levar Bielsa à loucura.
Terá tempo para se tratar, no Chile mesmo, ou na Argentina.
Gilberto substituiu Robinho.
Notas:
Júlio César quase sem trabalho, mas com uma bela defesa, 7,5;
Maicon bem e eficaz nos escanteios, 7,5;
Lúcio, um monstro, 8,5;
Juan sóbrio e goleador, 8;
Michel Bastos progrediu, 6,5;
Gilberto Silva foi muito bem no começo, ajudou e acertar o time e voltou ao normal, 7,5;
Ramires deu outra dinâmica ao meio de campo e pode ter achado um lugar entre os titulares, embora esteja suspenso contra a Holanda, 8;
Daniel Alves foi melhor atrás do que na frente, 6,5;
Kaká bem que trabalhou muito, deu o passe do segundo gol e ainda não é ele, 7;
Robinho jogou mal e fez seu gol, 6;
Luís Fabiano também não jogou bem e fez seu gol,6;
Nilmar, Kleberson e Gilberto, pouco tempo, nada digno, ou indigno, de nota.
Dunga segue inabalável no caminho que traçou. Faltam três jogos, 7,5.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/